São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004


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GESTÃO

Lojistas e fornecedores ganham nome de "credenciados'; seguidores do modelo negam ser franquias

"Licenciadora" agora é "rede de valor"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Rede de valor é o novo nome de batismo do modelo de negócio adotado por um grupo de redes que tem como principal representante a marca Le Postiche (bolsas e acessórios de couro).
A tendência, segundo empresários e consultores defensores do formato, é que todas as redes que se dizem "licenciadoras" adotem os avanços do sistema e também a sua nova denominação.
Desde o ano passado, José Carlos Figueiredo, diretor de negócios de varejo da Le Postiche, que já se apresentou como franquia e até há pouco se dizia "licenciadora", afirmava que o grupo precisava de um nome mais adequado.
Segundo o executivo, "licenciamento" foi uma denominação adotada para frisar que o modelo não era uma franquia. O uso do termo foi bastante criticado pela Abral (Associação Brasileira de Licenciamentos), que esclarece que licenciamento é a concessão do direito de uso de marcas, de patentes ou de um direito autoral.
"Rede de valor é uma grande cadeia de relacionamentos", afirma o consultor Sávio Pinheiro, da Multcom. Segundo ele, as redes congregam lojistas, fornecedores e parceiros (todos eles chamados de credenciados), a quem uma empresa, que tem o direito de uso de uma marca, presta serviços.
Na Le Postiche, que traçou para si o ambicioso plano de abrir 90 lojas ainda neste ano e 700 até 2010, a antiga "licenciadora" é chamada agora de credenciadora e se mantém, segundo a empresa, pela prestação de serviços, que são remunerados pelos credenciados, com pagamento de ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza). Nas franquias, a idéia da prestação de serviços não é aceita -justamente para tentar evitar a incidência do tributo.
Há ainda, segundo a rede, uma porcentagem de 1% sobre o faturamento dos credenciados para custear as ações de marketing.

Franquia
Entender qual é a novidade não é exatamente fácil. Para o leigo, a rede de valor se parece muito com uma franquia de última geração. O detalhe é que a ABF (Associação Brasileira de Franchising) e os especialistas no sistema concordam com a afirmação: para eles, simplesmente não há diferenças, pois o novo modelo seria apenas uma franquia "disfarçada", para escapar da Lei de Franchising, que exige formalidades como a distribuição da COF (Circular de Oferta de Franquia).
"Elas querem se ausentar de obrigações que a lei impõe. Mas é à Justiça que cabe decidir se eles são ou não franquias", afirma o diretor-executivo da ABF, Ricardo Camargo. As empresas "licenciadoras" são alvo de uma campanha iniciada pela associação de franqueadores em 2003.
Já as redes de valor afirmam que os representantes das franquias falam sem conhecimento de causa e se dizem abertos a explicar o modelo. Declaram ainda que, se conhecessem o novo formato, muitos franqueadores teriam boas oportunidades de negócio.
A intenção do novo grupo é abrir uma associação de redes de valor para fortalecer o modelo e evidenciar as diferenças.
Entre os argumentos está o de que também abraçaram o sistema marcas que nunca se afirmaram franquias. Dois exemplos são a rede Leo Madeiras, que pretende abrir 500 unidades até 2010 e a Eccon, de supermercados, que planeja converter mil lojas até 2005.
(BRUNO LIMA)


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