São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006


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Corte de vagas em MPEs é o maior em mais de 20 meses

Anna Carolina Negri/Folha Imagem
Fábio Lacerda, da Nazca, que contratou assessoria para demitir


Em um ano, foram 152 mil trabalhadores demitidos

ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em expansão ou não, toda firma, em algum momento, depara-se com a dúvida de manter ou demitir funcionários.
Essa questão tem sido mais freqüente nos últimos meses: micro e pequenas firmas do Estado de São Paulo eliminaram 152 mil postos de trabalho de julho de 2005 a julho de 2006.
Esse é o menor nível de pessoas ocupadas em micro e pequenas empresas no Estado de São Paulo nos últimos 22 meses, segundo o Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Antes de optar pela demissão, o empresário deve saber que o desconforto não será apenas pelo ato do desligamento: haverá efeitos colaterais -como o balanço sofrido no caixa.
Por isso quem quer demitir para economizar deve colocar as contas no papel antes de romper o contrato: juntamente com o empregado, podem ir embora as economias da firma.
"É comum ver isso ocorrer", avisa Gilberto Rose, consultor do Sebrae. "Muitos deixam de dispensar o funcionário e "vão levando" por não ter provisão."
Segundo dados do professor da Unicamp Márcio Pochmann, em relação ao custo de demissão, a legislação brasileira estabelece seis procedimentos: salário equivalente aos dias trabalhados e não pagos; valor das férias vencidas ou proporcionais, acrescidas de um terço de abono de férias; 13º salário proporcional; valor do FGTS; multa de 40% sobre o FGTS e aviso prévio de 30 dias.

Na balança
Nessas situações, é importante ponderar. Se demitir pode sair caro, manter um trabalhador descontente também não agrega valor ao negócio. O melhor, para Gilberto Rose, é conversar com o funcionário e estar preparado financeiramente para bancar a saída.
"Toda a demissão tem de ser planejada com antecedência de 30 dias", recomenda o diretor da consultoria Thomas Case & Associados, Renato Nishimura.
Para ele, é preciso pensar na substituição do funcionário, na transição do conhecimento e no impacto sobre o grupo. "É importante pontuar os motivos que levaram a empresa a demitir. Não se pode deixar de dar um motivo", enfatiza.
Na Nazca Cosméticos, de médio porte, "já houve alguns desligamentos traumáticos no passado", diz Fábio Lacerda, gerente de recursos humanos.
Há um ano, a Nazca contratou uma consultoria para assessorar a permanência e também a saída de funcionários.
"Antes, a sensação que ficava era a de mágoa. Agora, concedemos ou estendemos benefícios e, dependendo do cargo, também damos suporte para orientação de carreira. Dentro da organização, isso se reflete na equipe, que não sente o impacto [da saída]; fora, melhora a imagem institucional", afirma.


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