São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004


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TENTATIVA E ERRO

Consultores recomendam calcular riscos e não confundir teimosia com persistência

Fechar não é sinal de incompetência

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Duas coisas a saber antes de se aventurar a empreender: 1) fechar uma empresa é algo que faz parte da vida e da atividade do empreendedor; 2) a única maneira de reduzir o risco de naufragar é abusar do planejamento antes de colocar a mão no bolso.
Embora seja uma experiência marcante, o fim de um negócio não deve ser encarado como um sinal de incompetência empresarial. Aliás, o empreendedor nato tem certeza disso: o fracasso é só um percalço e significa apenas que ainda não foi dessa vez.
"Ao longo da carreira, o empreendedor terá negócios que vão vingar e outros que não vão dar certo. É preciso ter consciência de que o risco faz parte e de que entrar e sair do mercado não é um fracasso, é algo inerente ao mundo dos negócios", define o consultor de orientação empresarial Renato Fonseca de Andrade.
"O bom empresário só entra [em um empreendimento] quando tem boas chances de vencer. Mas, às vezes, ele perde."
Tudo bem, nunca é demais dizer que há a oportunidade de aprender com o erro, mas a verdade é que ninguém quer fechar as portas. Diante de um negócio que não está dando certo, como saber se é hora de continuar ou desistir? Dá para diferenciar o empreendimento que pode ser salvo do que não vai sobreviver?
Respondem os consultores: sim, dá para observar alguns indícios. Primeiro, é possível projetar faturamentos para saber até que ponto a empresa é capaz de se manter. E, em vez de desistir logo e partir para outro ramo, é fundamental tentar identificar se há falhas na gestão da firma ou se é o tipo de negócio que não se sustenta.
Quais são as necessidades do cliente? Pode ser que o preço esteja alto ou que a qualidade não seja satisfatória, por exemplo. Uma boa dica é observar a concorrência direta (aquela que atua no mesmo mercado, o que, para as pequenas, pode ser o mesmo bairro ou até a mesma rua). Se o concorrente tem sucesso no mesmo ramo, provavelmente há algo que pode e deve ser mudado.
Mas pode ser que um negócio que há alguns anos foi uma grande sacada já não faça mais sentido. A sugestão dos especialistas é ficar de olho em mudanças de tecnologia e de comportamento de consumo. Talvez não seja mais possível lucrar com a venda de fios em tempos de fibra óptica.
E fechar as portas não é a única saída. Marcelo Fontana, 33, dono da Ghrom, que fazia sistemas de automação industrial sob encomenda, ia muito mal quando decidiu trocar de negócio. Apostou no segmento de acústica, mas não fechou a empresa, manteve a mesma razão social. "Conseguimos nos equilibrar", conta.

Teimosia e persistência
Persistente é aquele que está em busca de algo específico, que persegue um sonho claro. "Teimosia é a pessoa insistir em algo sem saber exatamente no quê. Não é difícil descobrir empresários que trabalham 12 horas por dia e não sabem quanto querem vender neste mês nem quanto querem faturar no ano. Dizem apenas que querem vender um pouco mais do que no mês anterior, não têm um objetivo claro", afirma o gerente de educação empreendedora do Sebrae, Ênio Duarte Pinto.
Segundo ele, capacitação sempre ajuda. "Você aprende errando, mas sempre custa caro." (BL)


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