São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002


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Entidades sem fins lucrativos ampliam atuação com a abertura de franquias ligadas a empresas

ONGs aderem ao franchising social

Fernando Moraes/Folha Imagem
Crianças em refeitório do projeto Cren, que adotou sistema de franquia para combater desnutrição


DA REDAÇÃO

De um lado, empresários preocupados em investir nos conceitos de marketing e responsabilidade social. Do outro, instituições do terceiro setor à procura de parceiros que facilitem o seu crescimento. E, para unir os dois interesses, um novo termo começa a ganhar espaço: a franquia social.
O conceito -que tem várias semelhanças com o modelo comercial, amplamente adotado por redes de fast food e lojas de cosméticos, entre outros- tem por base a aplicação das mesmas ferramentas do franchising, só que para projetos sem objetivo de lucro.
É o caso de ONGs (organizações não-governamentais) com trabalhos reconhecidos pela comunidade que transferem sua tecnologia, marca e experiências a entidades franqueadas, em diversos pontos do país, em geral cobrando uma taxa de serviço em contrapartida.
"Os moldes são os mesmos dos de uma franquia, com regras a cumprir e royalties em troca de assessoria constante e transferência de conhecimento. A diferença é que não há um vínculo comercial", descreve Fernando Credidio, presidente da Parceiros da Vida, da área de marketing social.
Na avaliação da empresária Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, a maior vantagem do método é a construção de novas tecnologias de desenvolvimento social que permitam "replicar sem reinventar a roda".
"A franquia social traz um patamar mais sofisticado ao terceiro setor, compatível com a demanda no Brasil, em que os problemas existem por atacado, mas são combatidos no varejo, ou seja, por meio de projetos isolados."

Mais fácil
Além de dar maior visibilidade às instituições que fazem os projetos sociais, permitindo sua expansão, o franchising vem atraindo também a atenção das empresas.
"Muitos empresários querem patrocinar, mas ficam com medo de investir em projetos que dão errado. As franquias com histórias de sucesso tornam mais fácil a decisão", diz a consultora Ana Vecchi, sócia da Vecchi & Ancona Consulting e coordenadora do Comitê de Franquia Social da USP (Universidade de São Paulo).
A advogada tributarista Fabiana Del Padre Tomé, 26, do escritório de advocacia Barros Carvalho, cita os benefícios fiscais como outra facilidade dessas franquias. "O investimento pode ser abatido do lucro real da empresa na base de cálculo do Imposto de Renda, pois são despesas operacionais."
Já para o presidente da Mahle Metal Leve, Claus Hoppen, 47, que investiu em duas franquias do Projeto Formare (educação de jovens usando os recursos da própria companhia), a maior vantagem foi "a motivação dos funcionários voluntários, o que melhorou o clima interno da empresa".


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