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Ao definir preço dos produtos, empresário deve ir além do repasse de custos para não ter prejuízo
"Chutar" etiqueta é sinal de bola fora
JULIANA GARÇON
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A calibragem correta de preços
é decisiva para o sucesso e até para a sobrevivência de um negócio.
E, embora o "chute" ainda tenha lugar na definição do valor
estampado nas etiquetas, especialistas alertam que o equilíbrio entre competitividade e lucro exige
cálculos, atenção e criatividade.
"A empresa não pode apenas
repassar custos", avisa Luís Alberto Lobrigatti, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo).
Observar os preços da concorrência, principalmente para produtos que geram maior procura, é
o conselho de Claudio Felisoni de
Angelo, professor da FEA-USP
(Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo). "Marcas
fortes devem ter preço competitivo para atrair clientela."
Com um olho na concorrência,
o ideal é dissecar os custos em
uma planilha, para que os preços
sejam ajustados a cada oscilação.
"Construa um índice próprio e
o acompanhe atentamente", sugere Roy Martelanc, consultor da
FIA (Fundação Instituto de Administração), da USP. Ele lembra
que quem trabalha com contratos
indexados a um índice pode perder dinheiro por repassar aumentos defasados. Nesses casos, explica, o jeito é antecipar os reajustes.
O mesmo tipo de perda ocorre
na reposição dos estoques. Para
Martelanc, o empresário deve cobrar baseando-se em valores que
pagaria hoje pela mercadoria.
Como nem sempre isso é possível, a alternativa é assegurar a capacidade de compra com uma
"engenharia financeira", recomenda Renato Cotta de Mello,
professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "O empreendedor deve fazer uma aplicação com o capital que está entrando para compensar a perda
na ponta."
Competitividade
A distribuição dos custos nos
preços influencia a competitividade do negócio. A maioria dos
pequenos empresários soma as
despesas e as rateia entre os produtos. "O ideal é que a soma da
margem de ganho dos produtos
cubra os custos fixos", aponta Roberto Assef, da consultoria Lucre.
Assim, diz, é possível estabelecer
preços atraentes para alguns produtos e ganhar mais em outros.
Contudo, para Lobrigatti, a fórmula não é conclusiva. "Uma
confecção pode usar como indicador o tempo de produção de cada peça. As mais trabalhosas têm
fatia maior desse custo", afirma.
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