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São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2003


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CAPITALIZAÇÃO

Antes de abrir capital, pequenas devem se expor mais ao mercado

Ir à Bolsa requer "preliminar"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Deixar de ser uma empresa de capital fechado e marcar presença na Bolsa não é realidade exclusiva das grandes organizações.
O custo do capital é alto, mas propostas da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e da Soma (Sociedade Operadora do Mercado de Ativos), que devem ser aprovadas no início de 2004, segundo as entidades, surgem para simplificar a obtenção do registro necessário à operação e para reduzir gastos.
Abrir o capital requer estrutura: é preciso ter liquidez, criar um conselho de administração, manter um diretor de relações com o investidor, contratar uma auditoria independente e publicar dados como balanços em jornais oficiais e nos de grande circulação. Pacote que acaba por encarecer a manutenção da firma na Bolsa.
"Abrir a empresa ao público é sempre a meta principal, por ser o momento em que você consegue valorizar ao máximo a companhia", avalia Marcelo Safadi, diretor financeiro da Eccelera (gestão de capital de desenvolvimento).
"Primeiro o empresário precisa saber se o momento é conveniente para entrar na Bolsa", observa Maria Helena Santana, superintendente de relações com empresas da Bovespa. "A mudança de cultura que ocorre com a abertura tem muita relevância, os acionistas têm de se convencer de que há necessidade de apresentar resultados e metas claras", emenda.
Para Joseph Couri, presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo), a possibilidade de uma empresa de pequeno porte emitir ações hoje é um "sonho". "A legislação atual impede que elas cheguem perto da Bolsa, é preciso desburocratizar. Se isso acontecesse, o investidor iria para o setor produtivo", defende.
Para evitar choques e decepções, o ideal, segundo especialistas ouvidos pela Folha, é que o pequeno empresário se exponha aos poucos ao livre mercado.
"A empresa deve se expor a analistas financeiros, para que eles já a conheçam e ofereçam um preço justo quando as ações puderem ser emitidas", explica Santana.
Outra orientação está em buscar alternativas para se acostumar aos poucos com o ambiente. "Buscar um "private equity", por exemplo, deixa o empreendedor mais habituado com a idéia de ter capitalização societária, o que não é muito comum na cultura brasileira", diz Safadi. "Não adianta ir direto à Bolsa. Quem vai apostar numa empresa desconhecida?"
Outra opção seria buscar apoio de empresas como a Soma -espécie de "incubadora" da Bovespa. "Quando abre o capital, além da possibilidade de ganhos com ações, o empreendedor abre o caminho para buscar recursos mais baratos que se endividar", diz Romeu Pasquantonio, diretor da Soma. A emissão de ações, contudo, traz riscos. "É preciso saber se há algum investidor interessado", afirma Ricardo Humberto Rocha, professor do Ibmec Educacional.
A Bovespa orienta empresários interessados em emitir ações (novomercado@bovespa.com.br). Há também o Venture Fórum, parceria com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) que visa capitalizar empresas menores e preparar as médias para a abertura. O próximo fórum está marcado para outubro. (PAULA LAGO)


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