São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002


Próximo Texto | Índice

Custo reduzido impulsiona quiosque

Fernando Moraes/Folha Imagem
Johnnie Fernandes Baptista, franqueado da The Nutty Bavarian, investiu cerca de US$ 10 mil para abrir o seu quiosque em 1999 e diz ter obtido o retorno em seis meses


VALDETE DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apesar do porte "tímido", as franquias em versões menores _como quiosques, estandes e displays_ crescem a passos largos como alternativa de negócio.
Não há estimativas do percentual de expansão desse segmento, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising). Mas os especialistas apontam que as franquias "small size" vêm ganhando a preferência de investidores, especialmente daqueles com capital inicial menor para a empreitada.
Para os franqueadores, não restam dúvidas. O crescimento dos quiosques é atribuído ao baixo volume de investimento exigido.
Não por acaso, grandes e novas "grifes", como Livrarias Nobel, Água de Cheiro e Contém 1g, investem pesado nesse filão.
"Até o final do ano vamos abrir entre 50 e 60 quiosques", diz o diretor de operações de franquias da Nobel, José Nivaldo Cordeiro.
Hoje a rede de livrarias e papelarias conta com sete quiosques instalados (e entre cinco e seis a serem abertos em julho) no país. Cada unidade tem entre 9 metros quadrados e 20 metros quadrados de área. As lojas em formatos maiores, incluindo as chamadas "megastores", somam 107.
Para Cordeiro, o maior apelo dos quiosques, além do baixo investimento, é a possibilidade de retorno mais rápido. Com R$ 30 mil é possível montar uma unidade e esperar o retorno do investimento em dois anos, afirma a empresa. Ao abrir uma loja, o prazo fica mais próximo dos três anos.

Extremos
Há versões ainda mais baratas. Para ser dono de um quiosque da The Nutty Bavarian (doces glaceados), gastam-se R$ 20 mil. Segundo afirma a rede, a partir do quarto mês já se pode esperar pelo retorno do capital investido.
Estreante no Brasil em 1996, a marca norte-americana conta com 80 quiosques espalhados em shopping centers, aeroportos e cinemas do país, dos quais 20 são próprios e 60 são franqueados.
Nos Estados Unidos, possui 500 pontos-de-venda, incluindo o formato display (pequeno espaço dentro de outra loja), que a rede acaba de trazer para o Brasil.
De acordo com Adriana Auriemo, master-franqueada para a América do Sul, a rede já conta com uma versão piloto do display instalada junto aos cinemas do shopping SP Market, na zona sul de São Paulo, e planeja montar outras unidades em toda a rede Cinemark, além de lojas de conveniência, cafeterias e parques.
Para o consultor Alain Guetta, a redução dos espaços está viabilizando a equação do franchising. Segundo ele, além de a franquia menor reduzir os custos fixos para o empresário, um negócio instalado em uma pequena área dá "charme" ao empreendimento maior, geralmente um shopping.
O consultor prevê que a tendência do investidor será "optar pelos extremos". Na sua opinião, os formatos mais reduzidos e os de grande porte tendem a ganhar a preferência dos investidores.
Mas isso não quer dizer que os negócios instalados em espaços medianos estão inviabilizados. "A boa localização do negócio ainda conta muito", pondera Guetta.

Pensando grande
Mesmo com uma ampla rede já espalhada pelo país _são 229 franqueados, em 116 lojas e 113 quiosques_ e apesar da disputa pelos melhores espaços, a Contém 1g quer abrir mais unidades.
Segundo a empresa, a previsão para este ano é inaugurar 140 novos pontos-de-venda, entre lojas e quiosques. A maior estratégia para crescer será mesmo o apelo financeiro das versões menores.
"Os quiosques [que têm 7 metros quadrados] são a porta de entrada no nosso negócio", diz Evandro Madeira, gerente de comunicação da empresa. Além disso, a rede de cosméticos, voltada ao público adolescente, ainda mantém o sistema de venda direta, responsável por cerca de 40% do seu faturamento.
A rede Água de Cheiro, outra marca do setor de beleza, também pensa grande quando o assunto é quiosque. A empresa desenvolveu um novo layout nesse formato para unidades de shoppings.
"São versões mais modernas e sofisticadas, mas com custos fixos baixos, que visam trazer lucratividade mais rápida para o franqueado", diz a gerente de franquias, Jussara Duarte. Até o final do ano, a empresa pretende abrir cerca de 50 novos quiosques. Hoje são 14, além de 700 lojas maiores.


Próximo Texto: Instalação em shoppings de minifranquias pode ser um problema
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.