São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2007


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ALÉM DAS FRUTAS

Hortifrúti mostra nova sofisticação

Modelo concorre com redes de supermercados

Danilo Verpa/Folha Imagem
Fabiana Marin, do Natural da Terra, que já nasceu no novo formato


DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ficou para trás o tempo em que os sacolões tentavam reproduzir os ambientes das feiras livres. Para aproveitar um nicho rentável, os hortifrútis se sofisticam e ampliam o foco para outros alimentos frescos e itens requintados.
É possível encontrar nessas lojas livros de culinária francesa, carnes de perdiz e de javali, adegas com 600 rótulos de vinho, pães variados, pescados e temperos exóticos.
Localizadas em bairros nobres, essas pequenas redes de hortifrútis vêm incorporando outras seções, como açougue e padaria, de olho em um consumidor interessado em qualidade e diversidade e no conforto de poder fazer compras na sua própria vizinhança.
A rede Oba iniciou essa mudança em 2002, quando ainda era conhecida como "varejão da fartura". "Vimos que o maior consumidor de hortifrúti tem alto poder aquisitivo e é mais exigente. Por isso adaptamos as lojas ao perfil dele", conta o gerente Marco Túlio.
Criada há seis anos, a rede Natural da Terra já nasceu no novo modelo. "Na época, a proposta era vista como maluca", diz a gerente Fabiana Marin.

Concorrência
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, esses estabelecimentos preenchem uma lacuna deixada pelas redes varejistas de grande porte.
Eles oferecem variedade em produtos frescos de qualidade, enquanto as cadeias supermercadistas não conseguem a mesma eficiência pelo próprio gigantismo de sua operação.
"As operações em larga escala dos grandes supermercados não conseguem reproduzir esse modelo", afirma o professor Cláudio Felisoni, do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração).
Segundo ele, os perecíveis -hortifrútis e alimentos refrigerados- são a categoria que proporciona maior margem de lucro aos supermercados. "Esse é um concorrente perigoso, pois tira o "filé mignon" do supermercado", avalia o consultor Antonio Carlos Ascar.
Na venda de industrializados, não há como o varejista agregar valor aos produtos, o que impede boas margens de lucro, explica Maurício Morgado, do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas. "Uma lata de leite é igual em qualquer loja; uma fruta, não", raciocina.

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