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Vídeo foi visto on-line 417 milhões de vezes

Por SARAH LYALL

MAIDENHEAD, Inglaterra - Não faz muito tempo, quando passeavam no parque de seu bairro, Shelley Davies-Carr e seus quatro filhos foram cercados por um grupinho de adolescentes eletrizadas. "Meu Deus!", gritaram elas, como só adolescentes conseguem gritar. "'Charlie Bit My Finger ("Charlie Mordeu meu Dedo")."

De fato, é difícil encontrar alguém no mundo das pessoas que assistem a vídeos on-line que não tenha ouvido falar em "Charlie Bit My Finger", um vídeo do YouTube que mostra o bebê Charlie Davies-Carr mordendo seu irmão mais velho, Harry.

Desde que foi postado, em 2007, o clipe de 58 segundos mostrando o irmãozinho mais velho, indignado, e o bebê felicíssimo com sua proeza já foi visto assombrosas 417,6 milhões de vezes, tornando-se o maior sucesso de vídeo não comercial na história do YouTube.

Howard Davies-Carr, 43, consultor de informática que é o pai de Charlie, que hoje tem cinco anos, e Harry, que tem sete anos, disse que, embora não veja seus filhos como celebridades, eles se tornaram uma marca, querendo ou não.

Ele e Shelley, que comanda uma creche em sua casa, explicaram algumas das repercussões. A família é reconhecida em vários lugares. Há sites de fãs, páginas no Facebook e vídeos parodiando o original.

Davies-Carr se nega a revelar exatamente quanto dinheiro já ganharam, mas diz apenas que é "mais de 100 mil libras", ou US$ 158 mil -o suficiente para pagar pela educação dos garotos.

Por que esse vídeo em particular? "Vídeos são vídeos. Ou são populares ou não são", falou Davies-Carr, que carregou o vídeo no YouTube originalmente para ser visto por um amigo no Colorado.

Alguns comentaristas no Reino Unido já tentaram encontrar uma explicação para a atração exercida pelo vídeo e pelas sequências dele, que mostram os dois garotos e seus irmãos Jasper e Rupert em atividades que não envolvem mordidas. "Não são nada excepcionais", escreveu Terence Blacker no jornal "The Independent".

Mas não é assim que o mundo os vê, e Davies-Carr revela que refletiu muito e profundamente sobre como "monetizar" de maneira responsável algo que se converteu em um bem muito valioso.

Ele é "parceiro" do YouTube, compartilhando a receita publicitária gerada pelo site. Os garotos fazem um ou outro comercial. Um novo aplicativo "Charlie" está em produção. Fala-se também em livros infantis e num canal no site de vídeos YouTube.

Os britânicos invejam e também rejeitam a fama e as riquezas que ela traz, e a família Davies-Carr já foi alvo de críticas. Jan Moir, no jornal "The Daily Mail", comparou pessoas que lucram com vídeos de seus filhos a pais da era vitoriana que enviavam seus filhos às ruas para vender caixas de fósforos.

Davies-Carr disse que não pressiona seus filhos. "As pessoas têm suas visões próprias e tecem suposições sem saber nada sobre nós. É um pouco como criticar a rainha por ela ser a rainha."

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