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Arte & Estilo

O canalha da moda modera o tom

POR LAURA M. HOLSON

Terry Richardson ficou conhecido por uma espécie de pornô-chique glamourizado, típico dos anos 1970, que é popular no mundo da alta moda. Nos últimos 25 anos, o fotógrafo já foi contratado pela Gucci, Miu Miu, Jimmy Choo, a "Vogue" francesa e a "T: The New York Times Style Magazine", além de ter exibido suas escapadas sexuais em livros de fotos.

Ele se compraz em deixar o espectador constrangido, enquanto seus fotografados, muitas vezes nus ou quase, dão piscadelas travessas para a câmera.

"É por isso que gostamos dele", disse a atriz Chloë Sevigny, que o conhece desde 1995.

Nos últimos anos, Richardson, 46, deslocou-se para o mainstream, convertendo-se em retratista de celebridades. Recentemente fotografou Gwyneth Paltrow para a "Harper's Bazaar" num vestido de Anthony Vaccarello que deixou suas coxas à mostra, além da modelo Bar Refaeli "cavalgando" Ronnie Ortiz-Magro, astro do programa da MTV "Jersey Shore", para a "Interview". Ele também fez campanhas para a Levi's e para a Nike.

Desde 24 de fevereiro, a galeria Ohwow, em West Hollywood, vem expondo uma mostra dedicada a Richardson, com paisagens "que ficam bonitas numa parede", nas palavras dele.

Mesmo as fotos que ele fez quando seguiu a cantora Lady Gaga durante um ano para o livro de fotos dela foram suficientemente comportadas para serem aceitas e vendidas para o grande público.

Terry Richardson vem sendo mais procurado que nunca, e isso significa que há mais em jogo para ele. "Terry protege seu personagem", comentou Fabien Baron, o diretor criativo que trabalha com ele há mais de uma década. "É esse o negócio dele agora."

Talvez seja por isso que Richardson pareça estar moderando sua imagem de bad boy, distanciando-se da persona de libertino que adotou no início de sua carreira.

Quando a modelo e diretora de cinema Rie Rasmussen disse ao "New York Post", em 2010, que achava as imagens de Richardson "degradantes", não foi bom para os negócios. Tampouco quando a supermodelo Coco Rocha declarou à revista "Fashion" que não se sentia à vontade trabalhando com Richardson e não repetiria a dose.

"Fiquei chateado, sim", comentou o fotógrafo. "Não é agradável que essas pessoas todas inventem coisas a meu respeito. Por outro lado, eu simplesmente parei de ler esses comentários e continuei a trabalhar."

Richardson contou que em 1991 se mudou para Nova York, onde registrou a vida noturna underground com uma câmera Ricoh, trabalhando em revistas como a "Vibe" e para a maison italiana Sisley.

Em 2003, Dian Hanson, amiga de Richardson que trabalha na editora de livros de arte Taschen, estava em seu escritório em Los Angeles e encontrou caixas com fotos feitas por Richardson. Tinham sido deixadas pela mulher do fundador da empresa, que conversara com ele sobre um possível livro, mas desistira. Muitas das fotos mostravam Richardson fazendo sexo com mulheres jovens, além de imagens explícitas de genitálias femininas. Essas últimas foram incluídas no livro "Kibosh".

"Eu estava solteiro e queria explorar a sexualidade", disse Richardson a respeito das fotos.

Em 2004, a Taschen lançou "Terryworld", que, como "Kibosh", era sexualmente explícito. Nele, Richardson falou a Dian Hanson que nunca pediu a uma modelo que fizesse nada que ele não faria.

Ele também comentou na época: "Ficar nu e andar por aí ou fazer sexo diante de várias pessoas é tão excitante".

Desconhecidos muitas vezes se aproximam do fotógrafo na rua, gargalhando e com os polegares para o alto, imitando o gesto que é a marca registrada de Richardson.

Para muitas pessoas, porém, é difícil definir onde termina Terry Richardson, a marca, e começa Richardson, o homem. "Acho que isso tem a ver com o estilo pessoal de trabalho de Terry", comentou Doug Lloyd, diretor criativo e amigo vitalício de Richardson. "Ele apaga a linha que separa as duas coisas."

Para o próprio Richardson, de fato, há pouca diferença. "Acho que todo o trabalho de alguém é pessoal", disse. "É sua vida."

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