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ARTE & ESTILO

De Seul para o mundo

POR CHOE SANG-HUN E MARK RUSSELL

SEUL, Coreia do Sul ­- A estudante colegial peruana Paula Lema Aguirre diz que se sente mais feliz quando canta canções coreanas, especialmente "It Hurts", single do grupo 2NE1 sobre amor.

Aguirre não nasceu falando coreano, mas isso não a impediu, juntamente com cerca de 40 outros candidatos a cantores de 16 países, de chegar, em dezembro, às finais do concurso K-Pop World Festival, na cidade de Changwon, na Coreia do Sul.

Para os sul-coreanos, o festival, que foi o primeiro desse tipo, trouxe a confirmação da difusão do mais recente produto exportado por seu país, principalmente graças às mídias sociais. O pop coreano se espalhou inicialmente para a Ásia e, mais recentemente, para a Europa, o Oriente Médio e as Américas.

Quando bandas como a 2NE1, Super Junior e SHINee fazem shows na Europa e nos Estados Unidos, os ingressos se esgotam em questão de minutos. Em alguns casos, os fãs recorreram ao Facebook e ao Twitter para organizar flash mobs e exigir mais shows, como em Paris em maio.

Hoje, o K-pop possui seu canal próprio no YouTube e vídeos de bandas como Girls' Generation já foram vistos mais de 60 milhões de vezes. No outono passado, o Girls' Generation fechou contrato com a Interscope Records para lançar seu álbum mais recente nos Estados Unidos. Em janeiro, a banda estreou na televisão americana no "Late Show", de David Letterman.

O estilo das bandas de K-pop é uma fusão de música, videoarte, figurinos descolados e provocação sexual, tudo isso misturado com um ar de inocência total. As performances de K-pop como "Roly Poly", de T-ara, "Nobody", do Wonder Girls, e "Sorry Sorry", do Super Junior, têm refrões repetitivos em que muitas vezes se intercalam frases em inglês. Seus passos sincronizados viraram moda tão forte na Ásia que crianças, soldados e detentos de prisões imitam as danças.

A Coreia do Sul é um dos países mais conectados do mundo, e a pirataria digital devastou seu cenário musical. O setor se reformou, focando mais na distribuição digital e nas turnês.

Mas ser hábil no uso de mídias sociais e marketing não basta: o talento e o trabalho árduo ainda são importantes. As agências sul-coreanas de "gestão de estrelas" selecionam e treinam candidatos a cantores teens. De olho no mercado internacional, exigem que jovens cantores aprendam uma língua estrangeira.

Para as cantoras da banda Nine Muses o treinamento começava às 13h, todos os dias. Ao som de música eletrônica e dos gritos dos empresários, as cantoras dançavam de 10 a 12 horas, sete dias por semana, e mantiveram esse ritmo por quatro anos até o grupo estrear, em 2010.

Potência exportadora global, a Coreia do Sul sempre se irritou por não exportar produtos culturais para o resto do mundo.

Agora, disse Andrew Kang, diretor de arte e de gravação da Star Empire Entertainment, em Seul, "o K-pop virou o maior conteúdo da Coreia".

Choe Sang-hun colaborou de Seul e Mark Russell de Barcelona, na Espanha

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