São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2011

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Calçados clássicos são a moda do momento

Por ERIC WILSON

PORT WASHINGTON, Wisconsin - A fabricação de sapatos à mão está renascendo. Grifes antes vistas como relíquias dos sapatos de trabalho americanos, hoje, possuem uma qualidade cool inesperada.
Esse fato tem sido visto como novidade bem-vinda pela meia dúzia de empresas de calçados que produzem sapatos feitos à mão nos EUA -até pouco tempo atrás, algumas delas estavam em risco de extinção. Mas criou um desafio na medida em que os estilistas adaptam seus produtos para clientes mais sintonizados com a moda, em que sapateiros mais jovens são treinados com máquinas que têm décadas de idade, e que executivos se perguntam por quanto tempo poderá durar essa popularidade nova dos calçados feitos à mão. Quando um calçado de alta qualidade é descrito como estando na última moda, isso assusta um sapateiro.
"Não estamos interessados em sermos uma grife da moda", disse Bob Clark, vice-presidente da Alden Shoe Company, fundada em Middleborough, Massachusetts, em 1884. A Alden é a última empresa de sapatos que resta das centenas que havia na Nova Inglaterra no século 19. Clark disse que a empresa está com mais pedidos do que consegue dar conta, mas que não pretende aumentar sua produção.
A Allen Edmonds, empresa criada há 90 anos e situada na margem norte do lago Michigan, vai produzir 500 mil pares de sapatos neste ano; no ano passado, foram 350 mil pares. Desde janeiro de 2010, a companhia já acrescentou 118 funcionários novos a um processo que envolve 220 passos, entre o couro simples e o sapato pronto para ter seus cordões amarrados. O resultado é um produto feito à mão que custará US$ 325.
Outras empresas também já tiveram dificuldades com a moda. A Red Wing, fabricante de botas de trabalho de Red Wing, em Minnesota, que existe há um século, deu um passo em falso quando lançou sapatos femininos de salto, mas seus estilos clássicos são cobiçados por pessoas que estão por dentro do mundo fashion. No outono americano passado, David Murphy, o executivo-chefe da Red Wing, disse à St. Paul Pioneer Press: "Se eu quero gente esquisita, com o cabelo em pontas, desfilando sobre a passarela calçando nossas botas? Isso não me incomoda."
Mas o interesse renovado por marcas como Allen Edwards, Red Wing e Quoddy -esta, fabricante de mocassins costurados à mão, de Perry, no Maine- está sendo movido mais pela mudança dos hábitos de consumo do que pela moda. Steven Taffell, proprietário da butique nova-iorquina Leffot, disse que a recessão está fazendo com que os homens procurem sapatos que garantam mais valor por cada dólar pago. Embora modelos de botas da Alden custem US$ 600, se forem bem cuidados, podem durar entre 15 e 20 anos.
"Muitos homens estão percebendo que, se o calçado existe há muito tempo, é porque deve ser bom", disse Taffel.
Algumas pessoas mais jovens foram atraídas para o trabalho de produção de sapatos. A Florsheim foi tirada da falência, uma década atrás, pelos netos do fundador. Apenas 1% dos calçados comprados nos EUA no ano passado foram produzidos no país, revelou a Associação Americana de Vestimentas e Calçados.
Um dos desafios que as empresas enfrentam hoje é como administrar seu crescimento.
Paul Grangaard, executivo-chefe da Allen Edmonds, disse que o rótulo "Made in America" vem sendo um dos trunfos para garantir vendas maiores. "Quando você vê estilistas italianos produzindo calçados de ponta arredondada em Florença, você percebe que a direção dos ventos mudou, em termos de quem está copiando de quem", disse.


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