São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2011

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Maconha legal agora é contestada em Montana

Por KIRK JOHNSON
BOZEMAN, Montana - A maconha medicinal tem sido muito importante para sobreviver aos tempos difíceis aqui, com o colapso da indústria da construção, graças às receitas totalmente legais e sujeitas a impostos que são captadas por uma nova classe de empresários. Mas perguntas sobre quem realmente se beneficia da maconha medicinal estão agitando Montana. No Senado estadual, a maioria republicana renovada lidera uma moção para rejeitar o estatuto, aprovado pelos eleitores há seis anos, que permite o uso da maconha para fins medicinais. Seus adversários afirmam que ele promove seu uso recreativo e o crime.
O projeto de lei teve sua primeira audiência na Comissão Judiciária do Senado em 25 de março. Se tiver sucesso, Montana será o primeiro Estado americano a reverter a lei que já foi aprovada em outros 15 e no Distrito de Colúmbia (Washington).
Em Bozeman, uma cidade universitária e turística ao norte do Parque Nacional de Yellowstone, a conexão entre economia e drogas legais se amplia em todas as direções, segundo empresários. Os plantadores de maconha compram equipamento das empresas que fornecem ferramentas; as padarias da corrente dominante encomendam doces que contêm a erva; e até a maior empresa de serviço público do Estado está vendo um aumento no uso da eletricidade por causa das novas fábricas. A maconha medicinal praticamente quadruplicou em Montana no ano passado.
"É um novo território", disse Brad Van Wert, um vendedor associado da Independent Power Systems, que terminou sua primeira instalação solar para uma fornecedora de maconha medicinal chamada Sensible Alternatives.
Ele disse que os empresários da maconha estão reagindo ao atrativo de um desconto de 30% nos impostos oferecido pelo Estado para expansão da energia renovável.
Os plantadores e fornecedores dizem que, embora os regulamentos aprovados no ano passado restrinjam seus números, eles também criaram um clima de legitimidade.
Um grupo setorial formado por plantadores de maconha estima que esses gastem US$ 12 milhões por ano em todo o Estado, e que 1.400 empregos tenham sido criados principalmente no ano passado em um Estado de apenas 975 mil habitantes.
Rob Dobrowski, um empreiteiro da construção antes da recessão, disse que hoje emprega 33 pessoas em sua produtora de maconha, incluindo seus dois irmãos, que também costumavam trabalhar na construção.
"Cerca de 25 pessoas apostaram entre US$ 60 mil e US$ 100 mil nessa indústria", diz o prefeito de Bozeman, Jeff Krauss, um republicano, referindo-se às novatas locais e a seus custos de capital.
"Agora, o Senado nos faz dizer: 'Ah, que pena, você perdeu'", acrescentou Krauss. "Rapaz, essa é uma péssima mensagem para se mandar quando realmente estamos no buraco."
Um empresário local estimou que uma pessoa poderia basicamente comprar um emprego por US$ 15 mil, começando com uma pequena plantação de cem pés de Cannabis. Para os trabalhadores da construção que eram autônomos antes da recessão, disse o empresário, a nova indústria parece familiar.
"Entre 40% e 50% dos clientes vêm da construção", disse o proprietário. "Encanadores, eletricistas, todo tipo de trabalhadores de Montana."
A força de trabalho inclui pessoas como Josh Werle, 29, que conseguiu um emprego de plantador em uma empresa chamada "A Kinder Caregiver" depois que seu trabalho como pintor comercial secou.
Werle, cuja família está em Montana há quatro gerações, disse que viram o fracasso de muitas indústrias ao longo das décadas. A economia finalmente o empurrou para fora, ele disse.
Outra plantadora, Tara Gregorich, 29, formou-se em maio passado em horticultura ambiental na Universidade Estadual de Montana. "Nunca imaginei que trabalharia nisto", ela disse. "Mas é uma das poucas indústrias em Montana que funcionam o ano todo."


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