São Paulo, segunda-feira, 05 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lente

Golfe quer ser visto como popular

No último fim de semana, o Comitê Olímpico Internacional decidiria qual esporte -golfe ou rúgbi- será incluído nos Jogos de 2016.

A perspectiva do golfe olímpico gerou polêmica. Alguns o associam a ricos empresários e políticos jogando uma bolinha branca por hectares de terras que poderiam ter usos mais benéficos para a sociedade, como a preservação ambiental ou moradias populares.
Pode-se argumentar que o golfe, sendo um passatempo em que vastos recursos são reservados para poucos privilegiados, é antiético. Ou, como qualificou em agosto o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, um "esporte burguês".
"Há esportes e esportes", disse Chávez, segundo Simon Romero, do "New York Times". "Você vai querer me dizer que é um esporte popular? Não é."
Chávez citou o exemplo de um campo em Maracay; para ele, aqueles 30 hectares seriam mais bem aproveitados na construção de moradias para pessoas pobres. As autoridades se mobilizaram para fechar esse e outro campo de golfe, escreveu Romero.
Na Escócia, o incorporador imobiliário norte-americano Donald Trump atraiu a ira dos ambientalistas ao propor um resort de golfe de 566 hectares e US$ 1,58 bilhão, que usaria parte de uma reserva natural e um trecho de dunas. O governo escocês aprovou o plano em novembro de 2008.
"Parece que os desejos de um influente investidor estrangeiro que se recusou a ceder uma polegada conseguiram superar a proteção jurídica desse importante local", queixou-se a Real Sociedade para a Proteção das Aves ao "New York Times". "Nós e milhares de outros consideramos isso como um preço alto demais a pagar pelos supostos benefícios econômicos desse empreendimento."
Randy Cohen, autor de uma coluna sobre ética no "New York Times", escreveu em um blog do jornal que, em comparação a outros esportes, a cultura do golfe está mais associada "a uma comunidade fechada do que a um amigável populismo internacional". Ele argumentou que o golfe contraria o espírito unificador dos Jogos Olímpicos.
Já Frank Thomas, ex-diretor técnico da Associação de Golfe dos EUA, argumentou no blog "Room for Debate", também do "New York Times", que o golfe tem muitos méritos para ser esporte olímpico. "Há um melhor equilíbrio entre as capacidades físicas e mentais do que em quase qualquer outro esporte das Olimpíadas", escreveu.
"Qual é o objetivo e a motivação [para incluí-lo nos Jogos]?", escreveu ele. "Seria: ampliar o valor de entretenimento da Olimpíada; expor melhor o golfe ao mundo; ser mais inclusivo para atletas de diferentes raças e gêneros; determinar qual nação tem as melhores equipes de golfistas, em vez de os melhores golfistas individuais; ou permitir que o golfe seja incluído na distribuição das verbas governamentais concedidas a todos os esportes olímpicos, e assim ajudar a promover o crescimento do jogo internacionalmente, especialmente nas nações emergentes?"
"A resposta", prosseguiu, "poderia ser qualquer uma das listadas acima".


Envie comentários para nytweekly@nytimes.com



Texto Anterior: Repensando o que temer
Próximo Texto: TENDÊNCIAS MUNDIAIS
Militantes paquistaneses seguem ativos

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.