São Paulo, segunda-feira, 06 de dezembro de 2010

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A exuberância volta a desfilar em Wall Street

Excesso corporativo está fora, mas plásticas voltaram

Por SUSANNE CRAIG e KEVIN ROOSE

Dois anos depois do início da crise financeira, o mercado de ações está se recuperando, e sua elite volta a gastar -algumas vezes com cautela, mas outras com ousadia conhecida.
É verdade que as firmas reduziram os excessos corporativos pelos quais foram acusadas quando a brutal recessão tomou conta dos EUA e de grande parte do mundo. Muitas dessas restrições continuam existindo.
Mas, quando se trata de indulgências pessoais, as carteiras começam a se abrir de novo. Corretores e executivos dizem que os empregos parecem mais garantidos. Empresas cujas fortunas sobem e descem com os mercados financeiros estão novamente prósperas.
A casa de leilões Christie's diz que investidores do mundo financeiro que saíram do mercado de arte na crise de crédito de 2008 estão voltando "intensamente".
Marc B. Porter, executivo da Christie's, disse que esse ressurgimento se seguiu à recuperação das economias, seja em Hong Kong ou nos Estados Unidos.
Os restaurantes caros relatam um aumento das reservas, e os corretores imobiliários dizem que executivos de Wall Street começam a procurar casas de verão para alugar nos Hamptons, um balneário no Atlântico em região próxima de Nova York.
Dolly Lenz, da Prudential Douglas Elliman, disse que as propostas estão "mais quentes e pesadas" que em anos anteriores.
Recentemente, afirmou, três pessoas ofereceram quantia superior a US$ 400 mil por um aluguel de verão em Southampton.
Os honorários em Wall Street este ano não serão muito maiores que em 2009 e poderão ser até mais baixos. Por isso, a mudança de atitude parece mais uma questão de confiança e segurança do que de renda.
"O ambiente está melhor, muito melhor que um ano atrás", diz David M. Gildea, um corretor de seguro-saúde na firma Cowen & Company, em Wall Street. Em 2008, disse que ele e outros corretores relutavam até em tomar uma bebida após o trabalho, sem saber se manteriam o emprego.
J. T. Cacciabaudo, diretor de corretagem de valores e vendas na corretora regional Sterne Agee, concorda, dizendo que, embora haja preocupação sobre o quarto trimestre, o otimismo sobre o longo prazo "voltou", e firmas como a sua estão em crescimento.
"No terceiro trimestre, houve conversas sobre demissões, mas a maior parte não ocorreu, pois as firmas parecem mais otimistas sobre 2011 do que nos últimos dois anos", disse.
Mas os bônus em Wall Street provavelmente não aumentarão muito em relação ao ano passado. Ao todo, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Citigroup, Bank of America e JPMorgan Chase reservaram US$ 89,54 bilhões este ano para pagar seus funcionários, 2,8% a menos que um ano atrás, segundo dados da Nomura.
As receitas totais das cinco firmas, porém, caíram 4% este ano. Um estudo do especialista em honorários Alan Johnson diz que os bônus vão subir 5% este ano em todas as empresas de serviços financeiros, com os funcionários de algumas delas, como administração de capitais, tendo aumento de 15%.
É uma grande mudança em relação a 2007, quando firmas de Wall Street bateram recordes em pagamento de honorários.
Nos anos anteriores à crise de crédito, alguns executivos ficaram famosos por seus gastos, como L. Dennis Kozlowski, ex-executivo-chefe da Tyco International, cuja cortina de chuveiro de US$ 6.000 tornou-se um símbolo de extravagância.
Parte desse excesso continua. Um corretor do Morgan Stanley tentou contratar uma anã para uma festa de despedida de solteiro, segundo e-mails trocados. O corretor, que queria algemar a anã ao solteiro, foi demitido.
A maioria dos gastos, porém, são luxos mais comuns. Deborah Killoran, uma cliente da doutora Fusco, marcou um "ulthera", um lifting facial não cirúrgico que custa US$ 3.000 ou mais.
Killoran, que dirige uma companhia de seguros sediada no Brooklyn, em Nova York, diz que, nos últimos dois anos, cortou pela metade seus gastos anuais em cirurgia cosmética, para cerca de US$ 3.000. Agora está gastando nos níveis anteriores a 2008. "Eu tenho de me encontrar com muita gente, e isto faz parte do investimento em mim mesma", afirmou.


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