São Paulo, segunda-feira, 06 de dezembro de 2010

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Novo investimento exótico: futuros jogadores de beisebol

Por MICHAEL S. SCHMIDT

SANTO DOMINGO, República Dominicana - Investidores dos EUA acreditam ter encontrado nova perspectiva exótica: jogadores de beisebol latino-americanos, alguns com apenas 13 anos e muitos deles de famílias pobres.
Reconhecendo que os times profissionais de beisebol oferecem contratos milionários em dólares para alguns adolescentes que poderão resultar em bons atletas, investidores estão financiando treinadores dominicanos, conhecidos como "buscones", ou construindo suas próprias academias. Em troca, os investidores recebem retornos significativos -às vezes até 50% do rendimento dos jogadores- se forem contratados por times da liga profissional. Agentes nos EUA recebem 5%.
Os críticos questionam por que os investidores contribuem para tirar os adolescentes da escola.
"Se o investimento está beneficiando o jogador e melhorando suas circunstâncias, fornecendo oportunidades educacionais, pode ser boa coisa", disse Sandy Alderson, que supervisionou as operações da liga profissional de beisebol na República Dominicana e é administrador dos Mets de Nova York. "Mas não há certeza de que isso esteja acontecendo."
Gary Goodman, advogado imobiliário de Cranford, Nova Jersey, abriu sua academia em 2009.
"Estamos aqui para fazer lucro? Certamente", disse Goodman, que envia milhares de dólares por mês para alimentar, vestir, abrigar e treinar futuros jogadores, muitos dos quais não sabem ler e não vão à escola.
Goodman e vários investidores disseram que seu dinheiro ajuda a melhorar a vida dos possíveis jogadores e das suas famílias.
Alguns desses investidores emprestam dinheiro para as famílias dos esportistas, que concordam em saldar os empréstimos e dar aos investidores parte significativa dos bônus de contratos dos jogadores, que geralmente valem centenas de milhares de dólares.
David P. Fidler, professor de direito internacional na Universidade de Indiana, disse: "É perturbador que investidores americanos queiram lucrar com um sistema que explora crianças".
Alderson disse que espera que os investidores percebam que muitos adolescentes nunca chegarão às grandes ligas. "São pessoas que abandonaram outras possibilidades, não foram à escola", disse Alderson.


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