São Paulo, segunda-feira, 08 de março de 2010

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Ciência estuda colisões que iluminam o espaço

Por DENNIS OVERBYE

De quantas maneiras uma estrela pode explodir? Isso pode depender do tipo de galáxia em que a estrela vive, disseram astrônomos recentemente.
Nos últimos 20 anos, astrônomos que procuram medir o cosmo têm usado um tipo especial de estrela explosiva, conhecida como supernova tipo 1a, como marcador de distância. Acredita-se que esse tipo de estrela surge quando estrelas chamadas de anãs brancas crescem para além de um determinado limite de peso, desencadeando um cataclismo termonuclear que não só emite luz suficiente para ser visto em todo o universo, como também é especialmente uniforme de uma supernova à supernova seguinte.
Usando essas estrelas, duas equipes de astrônomos chegaram há pouco mais de dez anos à conclusão, amplamente aceita, de que alguma "energia escura" estaria acelerando a expansão do universo.
Mas os astrônomos ainda não chegaram a um consenso em relação a como a anã branca ganha sua massa fatal e explode -se é por ir pouco a pouco tirando material de uma estrela vizinha ou se é por colidir com outra anã branca.
Em entrevista telefônica coletiva em 17 de fevereiro e em artigo publicado no dia seguinte no periódico "Nature", Marat Gilfanov e seu colega Akos Bogdan, ambos do Instituto Max Planck de Astrofísica, de Garching, Alemanha, disseram que, no caso de pelo menos uma classe de galáxias no universo -os conglomerados arredondados de estrelas mais velhas e avermelhadas conhecidas como elípticas-, essas supernovas são produzidas sobretudo por colisões.
"Revelamos a fonte das explosões mais importantes para a cosmologia", disse Gilfanov.
Raciocinando que as anãs brancas que lentamente roubassem gás de suas vizinhas emitiriam raios-X à medida que o gás capturado caísse e fosse aquecido, Gilfanov e Bogdan usaram o Observatório de Raios-X Chandra, da Nasa, para estudar cinco galáxias elípticas e a protuberância central da vizinha galáxia de Andrômeda, todas as quais compostas de estrelas mais antigas. O satélite registrou apenas entre um trigésimo e um quinquagésimo dos raios-X que seriam previsíveis vindos de tais anãs brancas, o que levou os astrônomos a concluir que não mais de 5% das supernovas nesses tipos de sistemas estelares podem ser produzidas pela acreção de anãs brancas.
As observações deixam aberta a possibilidade de que anãs acrecionárias sejam responsáveis por uma parte maior das supernovas em galáxias espiraladas como a nossa, que tendem a ter estrelas mais novas, de massa maior.
Isso deixa em aberto também a possibilidade de haver duas classes distintas de supernovas tipo 1a no universo, o que pode acrescentar incerteza aos esforços de empregar as estrelas explosivas como velas padrão para fazer medições precisas do universo.


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