">


São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A mente por trás do "Google dos jogos"

Fazendeiros virtuais ajudam a Zynga a obter lucros reais

Por MIGUEL HELFT
SAN FRANCISCO - A rede de jogos Zynga é a mais badalada novata que surgiu no Vale do Silício desde o Twitter e, antes dele, o Facebook. Mas, diferentemente do Twitter, que tem baixo rendimento, a Zynga está a ponto de embolsar até US$ 500 milhões neste ano, segundo a Inside Network, que acompanha aplicativos do Facebook.
É um império feito de jogos on-line que parecem histórias em quadrinhos. O mais surpreendente, diante de seu sucesso financeiro, é o fato de que os jogos são grátis. A Zynga só ganha dinheiro quando uma pequena fração de seus usuários paga em dinheiro real pelos bens "virtuais" que lhes permitem avançar nos jogos ou dar presentes aos seus amigos.
Em FarmVille, seu jogo mais popular, os jogadores cuidam de fazendas virtuais, fazendo plantios e colheitas e transformando terrenos em fazendas cibernéticas cada vez mais sofisticadas ou idílicas. Os bons fazendeiros -que não deixam as colheitas murcharem- ganham dinheiro virtual que podem usar para comprar sementes, animais e equipamentos.
Mas os jogadores também podem comprar esses produtos com cartão de crédito, contas no PayPal ou pelo novo sistema de pagamentos do Facebook chamado Credits.
Um trator cor-de-rosa, um dos favoritos de FarmVille, custa cerca de US$ 3,50, e o combustível para movimentá-lo, US$ 0,60. Um cavalo bretão pode ser adquirido por US$ 4,40 e quatro galinhas custam US$ 5,60. Os valores são pequenos, mas se avolumam rapidamente quando multiplicados por milhões de usuários: a Zynga diz que se tornou rentável pouco depois de sua fundação.
A empresa cresceu para quase mil funcionários, contra 375 um ano atrás, e hoje tem cerca de 400 vagas de empregos. E investidores, incluindo o Google e o fundador da Niche, Marc Andreessen, apostaram cerca de US$ 520 milhões na empresa.
A Zynga foi avaliada em mais de US$ 4,5 bilhões, colocando seu fundador, Mark Pincus, 44, no caminho de se tornar o próximo bilionário do Vale do Silício. E não é de surpreender que a Zynga tenha chamado a atenção de pessoas fora dali.
Em uma recente reunião de magnatas de mídia e tecnologia, Jeffrey Katzenberg, executivo-chefe da DreamWorks Animation, foi indagado sobre o que faria se pudesse recomeçar sua carreira. "Eu disse que gostaria de ser como Mark Pincus", ele lembrou em uma entrevista. "Ele conseguiu o próximo aplicativo matador, a próxima coisa obrigatória que vai acontecer" na mídia.
Os jogos da Zynga têm 211 milhões de jogadores por mês, segundo a AppData.com. "Vivo uma vida estressante", diz Alena Meeker, 32, analista financeira de San Francisco. "Adoro relaxar com os jogos."
Meeker diz que gasta nos jogos da Zynga cerca de uma hora por dia e entre US$ 20 e US$ 40 por semana em produtos virtuais. Ela usa os jogos para se conectar com amigos, colegas de trabalho e parentes.
Nathan R. Van Sleet, que vive em Oakland, Califórnia, e está desempregado, diz que joga YoVille, no qual os usuários criam avatares que vivem em casas decoradas pessoalmente, durante até 16 horas por dia. Como ele é deficiente auditivo e não sabe a linguagem de sinais, os fóruns on-line de jogadores do YoVille permitiram que ele se conectasse com várias pessoas.
"Se não fossem os fóruns, eu teria perdido a oportunidade de conhecer essas pessoas", disse Van Sleet por e-mail.
Pincus indica esse tipo de depoimento quando diz que os jogos, embora simples, têm um objetivo maior: conectar pessoas.
Pincus fala em construir uma companhia tão indispensável que, afirma, um dia poderemos olhar para trás e nos perguntar como conseguimos viver sem ela.
A Zynga claramente não quer depender só do Facebook. Há pouco tempo assinou um acordo abrangente para levar seus jogos para os milhões de usuários do Yahoo. E Pincus dividiu o palco com Steve Jobs, da Apple, no lançamento do iPhone 4, para anunciar que FarmVille está disponível no aparelho.
No início, a maioria dos investidores e pares duvidou que uma novata em jogos pudesse se tornar um grande sucesso. Mas os críticos foram silenciados.
Pincus prevê o crescimento da Zynga e reconhece que, com o sucesso de sua empresa, teve de mudar de atitude: "À medida que a empresa ganhou exposição, tive que perceber que mais pessoas levam a sério o que digo".


Texto Anterior: Ensaio - Phyllis Korkki: Bom salário não compensa "ignorar" sua vocação
Próximo Texto: Ciência & Tecnologia - Gadgets
Aparelhos auxiliam pacientes cardíacos

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.