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São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2011

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Computação não é mais "coisa de nerd"

Por CLAIRE CAIN MILLER

NEW HAVEN, Connecticut - Quando Keila Fong chegou à Universidade Yale, em New Haven, ela nunca tinha pensado muito em ciência da computação. Mas no ano passado todo o mundo começou a falar do filme "A Rede Social", e ela se imaginou abrindo um negócio que talvez, quem sabe, pudesse vir a ser o próximo Facebook.
"A ideia de vir a ser o próximo Mark Zuckerberg ganhou muito glamour, e todo o mundo gosta de pensar que tem alguma grande ideia", falou Fong, que está no terceiro ano da graduação e, desde então, decidiu cursar ciências da computação em Yale.
Não importa que Zuckerberg, assim como outros titãs tecnológicos, não tenha estudado ciência da computação -e nem sequer concluído a faculdade.
As matrículas em programas de ciências da computação e as pessoas que se formam com essa especialização vêm crescendo depois de diminuir por uma década. Isso acontece a despeito da preocupação generalizada, do presidente Obama para baixo, com o declínio da competitividade americana no setor de tecnologia e inovação.
Educadores e tecnólogos dizem que a inspiração vem do retrato pintado por Hollywood sobre o "mundo tec", além da influência de empreendedores-celebridades como Steven Jobs, da Apple, e Zuckerberg, criadores de produtos que os estudantes usam todos os dias.
"É um chamado nacional, um momento Sputnik", disse Mehran Sahami, vice-reitor de ensino de ciência da computação na Universidade Stanford, na Califórnia, aludindo ao lançamento do satélite soviético em 1957 que impeliu os Estados Unidos a ingressar na corrida espacial. "Os estudantes são usuários do Facebook ou do Google. Eles pensam que as pessoas que os criaram não são muito diferentes deles próprios."
Para capitalizar sobre o prestígio crescente do setor tecnológico, as universidades americanas -entre elas Stanford, Washington e Southern Califórnia- recentemente reformularam seus currículos de ciência da computação para atrair estudantes fãs do iPhone e do Facebook e acabar com a visão do cientista da computação como um nerd digitando códigos o dia inteiro em um computador.
Mesmo universidades que não são conhecidas pela engenharia ou a ciência da computação, como Yale, estão aproveitando o momento. Os reitores das escolas de engenharia mais respeitadas e tradicionais do país começaram a se reunir para discutir maneiras de promover o "engenheiro da Ivy League", ou seja, alguém formado por uma dessas escolas renomadas.
Os novos currículos ressaltam o grande número de campos profissionais que fazem uso da ciência da computação, como finanças e linguística, e os resultados práticos da engenharia, como aplicativos para iPhone, filmes da Pixar e robôs. É tudo muito distante dos currículos do passado, de viés mais teórico.
"O jeito antigo de ensinar ciência da computação era dizer 'vamos lhe ensinar muitas coisas fundamentais e que serão duráveis, mas não vamos lhe dizer que aplicações elas podem ter'", comentou Michael Zyda, diretor da Universidade Southern California. Com as aulas reformuladas, as matrículas de calouros em ciências da computação na universidade aumentaram de 25, em 2006, para 120, no ano passado.
A tecnologia é uma das poucas áreas animadoras da economia americana; segundo dados federais, os empregos nesse setor crescem duas vezes mais do que na economia como um todo.
Na Universidade Stanford, os alunos dobraram desde que um novo currículo em 2008 permite eleger áreas de concentração de estudos. Na Universidade de Washington, as matrículas foram recorde: 1.700. Na Universidade Harvard, o número de alunos da disciplina quadruplicou em cinco anos.


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