São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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Físicos acham partículas que viajam mais rápido que a luz

Cientistas italianos colocam teoria de Einstein em dúvida

Por DENNIS OVERBYE

"E ainda é igual a MC2?", pergunta a banda irlandesa Corrigan Brothers em sua nova música, "Einstein and the Neutrinos", abordando uma afirmação que chocou o mundo científico em setembro.
Um grupo de físicos da Itália relatou ter observado que partículas subatômicas chamadas neutrinos viajaram mais rápido que a velocidade da luz -o limite cósmico de velocidade declarado em 1905 por Albert Einstein na sua teoria da relatividade especial.
Se a pesquisa estiver correta -e os especialistas não têm certeza-, os teóricos de Einstein talvez tenham algumas explicações a prestar.
Entre outras coisas, um neutrino ou qualquer coisa que viaje mais rapidamente do que a luz poderia viajar no tempo.
Físicos do laboratório subterrâneo de Gran Sasso, na Itália, noticiaram em 23 de setembro que um feixe de neutrinos havia "vencido" por 60 nanossegundos a corrida contra um raio de luz metafórico no percurso de 735 km entre o laboratório e a sede do Cern (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear).
A resposta dos físicos do Cern e do mundo todo foi de que provavelmente ocorrera um erro na experiência.
"Parece algo grande demais para ser verdade", disse Álvaro de Rujala, teórico do Cern.
Os físicos têm enchido o arXiv.org, arquivo de física na internet, com estudos que buscam desbancar a experiência.
Em um deles, Gian Giudice, do Cern, Sergei Sibiriakov, do Instituto de Pesquisa Nuclear de Moscou, e Alessandro Strumia, da Universidade de Pisa (Itália), argumentaram que, conforme o Modelo Padrão -a teoria hoje dominante na física das partículas -, se os neutrinos são capazes de violar a relatividade, os elétrons também deveriam ser, e isso não foi observado.
Ronald van Elburg, pesquisador de inteligência artificial na Universidade de Groningen, na Holanda, sugeriu que o grupo não fez as correções relativísticas para a movimentação dos satélites de GPS (sistema de posicionamento global por satélites) usados para cronometrar os feixes de neutrinos.
O erro resultante, afirmou ele, equivalia a 64 nanossegundos, quase exatamente a discrepância que os pesquisadores estavam tentando explicar.
Esse estudo foi mencionado em um blog de física da revista "Technology Review" e divulgado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e por sites noticiosos como sendo uma possível explicação para o mistério.
Longe de invalidar a relatividade de Einstein, escreveu a "Technology Review", "a medição mais rápida que a luz acabará sendo mais uma confirmação" da teoria.
Mas os cientistas do Gran Sasso dizem que a análise de Van Elburg reflete uma confusão sobre o funcionamento do GPS.
"Você entende bem que não podemos responder a alguém que alega ter uma explicação para os nossos resultados em termos de erros triviais", disse Antonio Ereditato, porta-voz do grupo.
Van Elburg disse que uma versão melhorada do seu artigo está sendo revisto por colegas.
John Learned, físico especialista em neutrinos na Universidade do Havaí, escreveu em um e-mail que, embora os resultados possam não ser corretos, "eles ainda não são facilmente descartáveis".


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