São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011 |
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A história de tudo contada por 100 coisas Por CAROL VOGEL LONDRES - Foi um projeto tão ousado que exigiu cem curadores trabalhando por quatro anos para ser completado. A meta: contar a história do mundo através de cem objetos tirados das extensas coleções do Museu Britânico. Depois de quatro anos, o resultado foi anunciado em um programa da BBC Radio 4 no início de 2010. O programa teve audiência tão grande que a BBC, em conjunto com o museu, publicou um livro sobre o projeto, "The History of the World in 100 Objects", lançado nos EUA em 31 de outubro. Outros museus podem ser inspirados a criar variações sobre o tema dos "Cem Objetos", mas nenhum pode equiparar-se à amplitude das coleções do Museu Britânico. E o acervo deste não inclui pinturas, diferente de outras instituições dotadas de acervos abrangentes, como o Metropolitan Museum of Art ou o Louvre. "Em todos os outros museus, o acervo é dominado por telas europeias", disse o diretor do Museu Britânico, Neil MacGregor. "Nós somos o único entre esses museus enciclopédicos no qual a Europa não domina a narrativa. Essa é uma vantagem quando se procura entender o mundo de hoje." Os objetos encarnam histórias intrigantes de política e poder, história social e comportamento humano. O mais antigo -uma ferramenta de pedra de 2 milhões de anos de idade, encontrada na Tanzânia- foi "o começo da caixa de ferramentas", disse MacGregor. Sobre um pilão de entre 6.000-2000 a.C., em formato de ave, encontrado às margens do rio Aikora, em Nova Guiné, ele escreveu: "A história de nossos cereais e legumes mais modernos começa cerca de 10 mil anos atrás", acrescentando: "Foi uma época de animais recém-domesticados, deuses poderosos, clima perigoso, bom sexo e comida melhor ainda". Comentando o desenho de David Hockney de 1966 de dois homens deitados lado a lado numa cama, MacGregor comentou: "Ele levanta questões desconcertantes sobre o que as sociedades consideram aceitável ou inaceitável, sobre os limites da tolerância e da liberdade individual e sobre as mudanças em estruturas morais ao longo de milhares de anos de história humana". O objeto final escolhido foi uma lâmpada plástica movida a energia solar, do tamanho de uma caneca de café, que vem com carregador e custa US$45. Ela pode iluminar uma sala, sendo o suficiente para mudar a vida de uma família que não tem acesso a luz elétrica. "É um objeto transformador, algo que liberta pessoas", disse MacGregor. "Uma vez que elas têm acesso à energia solar, ganham acesso à internet e ao mundo do conhecimento." A ideia do projeto surgiu após MacGregor narrar para a BBC alguns programas de rádio sobre itens específicos das coleções do museu e de os programas terem tido recepção surpreendente. No início, disse o diretor do museu, a missão era encontrar uma maneira para os visitantes enxergarem o sentido do acervo imenso do museu, pegando um objeto único e inserindo-o em um contexto maior, um contexto que contasse uma história com a qual todos podiam se relacionar. "Esse processo virou um equilíbrio fascinante entre o cronológico, o geográfico e o temático", disse ele. Os objetos foram agrupados em capítulos: "Construtores de Palácios", "No Interior do Palácio: Segredos da Corte", "Depois da Era do Gelo: Comida e Sexo". Muitas vezes os objetos mais minúsculos fazem as afirmações mais fortes. É o caso de uma moeda do início do século 20 riscada com o slogan de vanguarda "voto para as mulheres". Os responsáveis pelo Museu Britânico dizem que foram feitos 24 milhões de downloads de segmentos do programa do site da BBC, e o livro foi um best-seller. Texto Anterior: Arte & Estilo Spielberg volta à ação com foco em público infanto-juvenil Próximo Texto: 'Sweet Jane' encontra os monstros do trash Índice | Comunicar Erros |
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