São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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Closet de bem com o planeta

Por MARIA PRATA

São Paulo Existe um novo consumidor de moda de luxo no Brasil. E não se trata apenas do da classe média com maior poder de compra, como a mídia brasileira tem retratado nos últimos anos. Esses novos clientes buscam produtos que vão além do design moderno e das tendências de passarela. Eles desejam um tipo de 'selo de qualidade' ecológico. Hoje, ainda bem, conseguem encontrar o que procuram.
Nos últimos anos, algumas marcas brasileiras passaram a investir em coleções em que processo de produção é menos prejudicial ao meio ambiente. O que une consumidores e vendedores de produtos eco-friendly é o fato de que, cada vez mais, a moda 'consciente' ultrapassa a aparência artesanal e rústica, criando peças atraentes que inspiram desejo, sem destruir a natureza.
O melhor exemplo que demonstra essa preocupação ecológica no design de suas coleções é a Osklen. A empresa, desde 1999, produz peças com sua 'e-fabrics tag' (etiqueta de tecido ecológico), criada para informar o cliente sobre a origem consciente dos produtos. Foi também uma das primeiras no Brasil a neutralizar suas emissões de carbono.
"O consumidor brasileiro está mais interessado e valoriza esse tipo de iniciativa", diz Oskar Metsavaht, dono da Osklen.
Uma recente pesquisa da revista National Geographic confirma a percepção de Metsavaht: de acordo com a publicação, 41% dos brasileiros estão dispostos a pagar mais por um produto que consome menos energia.
A Osklen possui 390 pontos de venda no Brasil e exporta para 40 países, além de ter lojas em Miami, Nova York, Milão, Roma e Tóquio. "Europeus e japoneses estão num estágio de consciência mais avançado em relação à questão ambiental - tanto que no mercado internacional, a Osklen se tornou sinônimo do novo luxo, representada pelo tênis salmão Arpoador e pela bolsa Pirarucu", diz, citando itens que refletem a identidade minimalista e cool da marca.
Esse estilo de vida moderno e descolado - que engloba de roupas a ideologias e se tornou a marca registrada da Osklen - tem ganhado adeptos, jovens e veteranos.
Uma delas é a Movin, nova marca carioca que nasce pelas mãos do jovem Pedro Ruffier, de 23 anos, leva o slogan start movin e abraça completamente a tendência ecológica. Além de usar algodão orgânico, bambu e material com PET reciclado (preferencialmente de fornecedores brasileiros), a empresa também prega a ideia da moda unissex, incentivando o intercâmbio de roupas entre os gêneros para evitar o consumo excessivo, com peças atemporais em cores neutras, que duram mais de uma estação.
Outra que aderiu à onda verde foi a Alpargatas, que produz 200 milhões de pares de sandálias Havaianas por ano, calçando pés tanto de grande parte da população brasileira como de celebridades internacionais. A empresa acaba de apresentar a Eco Havaianas, feitas com sobras de materiais de sua produção regular.
"Um dos pilares de nossa estratégia de responsabilidade ambiental é maximizar a reutilização dos materiais", explica Christina Assumpção, gerente executiva de marketing de produto da Alpargatas. A empresa também criou outras duas linhas. Uma delas, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ecológica no Brasil, é a Havaianas IPÊ, que reverte 7% de sua venda para o instituto. Mais de 6,4 milhões de pares já foram vendidos desde sua criação, em 2004, arrecadando R$ 3,1 milhões.
A outra é a CI-Brazil, em parceria com a Conservação Internacional, que financia projetos para a proteção de espécies marinhas em Abrolhos (BA). Só no primeiro ano, venderam 500 mil pares.
Como as matérias-primas ecologicamente saudáveis e a mão de obra tendem a ser caras, o preço do produto final eco-friendly geralmente é mais alto do que seus equivalentes feitos em massa - por isso o rótulo "novo luxo".
Mas entusiastas esperam que, à medida que esses produtos se popularizam e se tornam mais acessíveis, o Brasil possa ter o verdadeiro luxo de uma moda inteiramente sustentável.

Colaboração de Maíra Goldsch-midt. Maria Prata é editora-chefe da Harper's Bazaar Brasil.


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