São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros Uma noite com Pedro Lourenço Por VINCENT BEVINS São Paulo Na saída do Hotel Fasano, Pedro Lourenço de repente se anima. "Vamos pegar o metrô!" As pessoas ao redor olham para ele com estranheza, e a empolgação desaparece de seu rosto jovem quando ele percebe que não há estação de metrô naquela parte do sofisticado bairro dos Jardins. Lourenço, o indiscutível menino-prodígio da moda brasileira (ele tem 21 anos) e que agora desfila suas coleções em Paris, frequenta o restaurante do Hotel Fasano, um dos pontos mais requintados da cidade, desde que era criança, acompanhado da mãe, Gloria Coelho, e do pai, Reinaldo Lourenço, que também são estilistas. E numa cidade onde o nível sócio-econômico ainda divide a população, ele provavelmente é uma das poucas pessoas de seu mundo que já usou um transporte público na vida. "Em São Paulo, a harmonia vem de seu caos", afirma Lourenço. "Não existe qualquer planejamento urbano, mas a cidade está passando por uma rápida transformação, com uma energia contagiante e inspiradora." Então, ele sugere ir de carro até o Lorena 1989, um restaurante nos Jardins com um menu mesclado, um salão à luz de velas com um quê medieval e uma clientela que reflete um pouco as empolgantes mudanças na cidade. "Certamente é o lugar mais cool de São Paulo", diz ele. "Gente de todos os perfis vem para cá". Certamente seu círculo também está representado ali, pois ele encontra amigos e colegas e conversa no salão lotado, às 23h, de uma noite quente de outubro. "A cidade é para trabalhar", diz o estilista. Quando não está trabalhando ou correndo no Parque do Ibirapuera ou no Parque do Povo, Lourenço passeia nos finais de semana pelo centro histórico fervilhante e movimentado - que lentamente está sendo renovado após décadas de decadência. Ele também gosta de ir à Pinacoteca do Estado, ao lado do Jardim da Luz, repleto de esculturas; de comer um prato de feijoada no atraente Mercado Municipal Paulistano; ou de estar "bem no meio do caos", referindo-se aos ambulantes da rua 25 de Março. Grande parte de seu público-alvo provavelmente compra em lugares bem diferentes, ele reconhece. "Fico horrorizado com shoppings", diz. "Nosso único destino de compras de luxo ao ar livre é a rua Oscar Freire, mas se você olhar ao redor dessa área verá um crescimento orgânico que está atraindo mais lojas para a rua." Ele mora no bairro dos Jardins, onde a Oscar Freire se localiza, e conhece a área muito bem. Ao contrário de Paris, diz Lourenço, as pessoas interessadas em high fashion em São Paulo geralmente só podem ser encontradas atrás de portas fechadas, em eventos sofisticados. "Isso torna a pesquisa e o design um processo mais intelectual", diz ele, "já que a inspiração não pode ser facilmente obtida nas ruas". Ele precisa acordar cedo na manhã seguinte para recomeçar sua rotina de trabalho, então se prepara para entrar em um táxi. Embora saiba que amanhã provavelmente não haverá tempo, ele sugere o acompanhamento de um ensaio fotográfico, em uma das novíssimas estações da Linha Amarela do Metrô, que logo passará por essa área. "É bonita, eu adoro", diz ele. "Pegar metrô é uma atitude civilizada." Hotel Fasano (11) 3896-4000, fasano.com.br Lorena 1989 (11) 3081-2966, lorena1989.com.br Pinacoteca do Estado de São Paulo (11) 3324-1000, pinacoteca.org.br Mercado Municipal Paulistano (11) 3313- 3365, mercadomunicipal.com.br Texto Anterior: Closet de bem com o planeta Próximo Texto: Das praias cariocas para o mundo Índice | Comunicar Erros

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