São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

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CARTAS AO INTERNATIONAL WEEKLY

"Alemães revelam novo lado"

A frase de Roger Cohen em sua coluna "Inteligência" ("Suddeutsche Zeitung", 5 de julho) dizendo que "democracia, transparência, liberdade e antimilitarismo se tornaram valores fundamentais", agora acrescidos de "pluriculturalismo", é apenas parcialmente verdadeira, infelizmente.
No que diz respeito à Segunda Guerra, podemos afirmar que o "reflexo justo da nação" tem funcionado muito bem. Mas isso é esperado de um país que levou o mundo à beira do colapso. Contudo, não é mais espantoso que a Primeira Guerra Mundial e a guerra de 1870/71, além do próprio Bismarck, ainda sejam recordados com muita tolerância, a despeito da atitude agressiva da Alemanha durante esse período?
Diversos memoriais homenageiam esses conflitos brutais, destacando a aparente inocência alemã. Há uma deliberação intransigente de não remover esses objetos de nacionalismo e ódio e uma recusa em pelo menos inscrevê-los com a informação histórica apropriada.
Sebastian Dégardin
Hamburgo, Alemanha

Li com interesse a coluna de Roger Cohen traçando uma analogia entre o sucesso da seleção de futebol da Alemanha e sua democracia bem-sucedida. O texto não apenas foi preciso, mas inspirador ("Prensa Libre", 4 de julho). Na Guatemala, vemos que esses êxitos, tanto no futebol quanto na democracia, são difíceis de atingir, mas não estão fora de alcance -especialmente se trabalharmos como equipe, o que sempre traz resultados muito melhores do que os que poderiam ser conquistados individualmente.
Mesmo no caso de esportes individuais, como o tênis, campeões como Rafael Nadal não conquistariam vitórias em Wimbledon se não contassem com suas equipes de apoio. Trabalho em equipe é o que o time alemão vem demonstrando. Eles trabalham como grupo, e não como astros individuais. É um exemplo a ser seguido.
Desiree Diaz
Guatemala

Vício em tecnologia

Tenho idade suficiente para me recordar da introdução dos PCs em minha empresa, nos anos 1980, e da cultura do e-mail que a acompanhou. Durante algum tempo, o novo conviveu com o velho. Podíamos ter memorandos, cartas, etc., em papel, que, ao lado dos e-mails, disputavam nossa atenção. Me recordo bem da sensação incômoda que tive de que estes últimos estavam ganhando uma prioridade nem sempre merecida. Era preciso um esforço consciente para lembrar-se disso e para aplicar critérios comuns na priorização de tarefas, independentemente dos meios pelas quais elas lhe tinham sido enviadas.
Outro exemplo de nossa necessidade crescente de uma injeção regular de troca de ideias triviais se reflete no uso dos celulares. Para muitas pessoas, a ausência de qualquer informação recente chegada parece exigir que essa brecha seja preenchida com alguma coisa -um telefonema ou uma mensagem de texto a amigos ou familiares. Com isso em mente, os avisos da reportagem do "New York Times" sobre o uso excessivo de "gadgets" tecnológicos [publicada na Folha em 16 de junho] são pontuais e merecem atenção. Poucos de nós podemos honestamente afirmar que nossos estilos de vida não foram modificados pelo PC, o e-mail e a internet.
Michael Benoy
Surrey, Reino Unido

Fora da zona de conforto

Concordo até certo ponto com o que é escrito sobre a Europa e a crise no sistema de bem-estar social. Acredito, porém, que o Reino Unido vai cair muito mais rapidamente que qualquer outro país europeu. A razão disso não é tanto o envelhecimento da população, mas a fraqueza de suas medidas políticas.
Eu sou britânico, e cada jornal e site no Reino Unido destaca os problemas que o novo governo de coalizão liberal-democrata-conservadora está enfrentando. Desde que a rainha Elizabeth endossou o novo governo, no início de maio, o ministro liberal-democrata David Laws já deixou seu cargo.
O governo afirma que está reconstruindo o país. Mas incluiu no gabinete um homem (Laws) que pediu reembolso de 40 mil libras do governo para viver na casa de seu parceiro gay. Isso mostra claramente que o governo não mudou e que seu futuro é incerto. Sim, a população britânica está envelhecendo, e aumentam as pressões para o país abandonar a libra e aderir à zona do euro, em nome da estabilidade econômica. Se o Reino Unido aderir a ideias como "guardar" o dinheiro dos contribuintes, o país talvez consiga deixar as consequências da recessão para trás e voltar a ser "um Estado que funciona de fato".
Se forem tomadas as medidas necessárias, o país se recuperará, ganhará uma economia sustentável e terá a oportunidade de ajudar países como a Grécia, que passam por problemas econômicos hoje e os terão no futuro.
Aidan Noad
Hampshire, Reino Unido

Ocasionalmente, cartas de leitores de todo o mundo são publicadas no "International Weekly". Leitores da Folha podem enviar comentários para nytweekly@nytimes.com



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