São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2011

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Pragas de portos encarecem parques à beira-mar

Por LISA W. FODERARO

Nos próximos anos, a cidade de Nova York pretende gastar milhões de dólares em parques à beira-mar. Parte desse dinheiro vai comprar novos gramados, campos de beisebol e pistas de skate, mas a maior parte dele será gasto em algum muito mais prosaico: colunas de concreto.
No recém-reinaugurado Parque do East River, US$ 65 milhões do total de US$ 83 milhões gastos no parque foram para infraestrutura, incluindo a substituição de 14 mil pilares de madeira apodrecida por 715 suportes de concreto envolto em aço. E no parque da ponte do Brooklyn as autoridades estão gastando US$ 11 milhões para revestir de concreto mais de mil pilares abaixo do Píer 5. O custo para fazer os 12 mil pilares do parque nas próximas décadas: US$ 200 milhões.
Por trás dos custos mais altos há um paradoxo: o porto mais limpo criou um problema, ao permitir que florescessem duas pragas marinhas -teredos e limnórias. As limnórias, que são pequenos crustáceos, comem os pilares de madeira por fora, enquanto os teredos, moluscos maiores, cavam túneis nela.
E enquanto o público pede para ter mais acesso ao litoral, as autoridades dos parques primeiro terão de reforçar uma rede de apoio oculta em todo o litoral da cidade, com mais de 800 quilômetros. Segundo estimativas municipais, centenas de milhões de dólares já foram gastos nos últimos anos na construção de píers, e o trabalho que será feito apenas nos próximos cinco anos deverá custar mais US$ 300 milhões.
No Parque do Rio Hudson, que se estende ao longo do rio por 8 quilômetros, desde Battery Place, na ponta sul de Manhattan, até a Rua 59, cerca de uma dúzia de novos píers com pilares de concreto reforçado foram construídos sobre os restos de antigos.
Pragas marinhas têm atacado cidades portuárias e capitães de barcos há séculos. "As limnórias são a versão marinha dos cupins", disse Ed Enos, superintendente da divisão de recursos aquáticos do Laboratório de Biologia Marinha, um centro de pesquisa em Woods Hole, Massachusetts. "E os teredos têm uma boca adaptada que consegue triturar as fibras da madeira."
Enquanto a poluição empesteava as águas ao redor da cidade de Nova York durante o século 20, o problema desapareceu. Em uma turnê pelo litoral da cidade em agosto, Robert K. Steel, vice-prefeito de desenvolvimento econômico, contou que Nova York, em seu momento mais poluído, era chamada, de brincadeira, de "porto limpo" pela indústria naval. "A água era tão suja que quando você entrava com um navio todos os organismos no fundo do barco morriam", ele disse. "Assim o barco saía limpo."
Hoje, com menos madeira em geral no porto, os vermes parecem estar piores que nunca. "Vimos explosões de atividade de larvas marinhas nos pilares de madeira restantes", disse Daniel Zarrilli, vice-presidente sênior de operações marítimas na Corporação de Desenvolvimento Econômico da cidade.
No Parque da Ponte do Brooklyn, trabalhadores estão estabilizando o Píer 5, que é sustentado por cerca de 3 mil pilares de madeira, a metade dos quais precisa de reparos imediatos. Desde o ano passado, técnicos e mergulhadores começaram a encaixar uma gaiola de aço e moldes de fibra de vidro ao redor de cada pilar, e depois injetam concreto neles. Uma caixa para pilar pode custar de US$ 7 mil a US$ 30 mil.
"Essa é uma das coisas mais difíceis de explicar: que a grande maioria do que estamos gastando é em coisas invisíveis", disse Jennifer Klein, diretora de operações de capital no Parque da Ponte do Brooklyn. "É uma parte enorme do que precisamos fazer para poder construir por cima."


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