Em uma carreira musical de quase 50 anos, Booker T. Jones já desempenhou papéis diversos: líder do festejado grupo soul dos anos 1960 Booker T. & the MG's, autor de canções de sucesso como "Green Onions" e "Born Under a Bad Sign", músico de apoio em grupos de jazz, produtor e arranjador.
E agora, depois de passar quase três décadas sem lançar um álbum solo, Jones de repente nos ofereceu dois nos últimos três anos. "Potato Hole", um trabalho movido por guitarras feito com o Drive-By Truckers e seu amigo Neil Young, lhe valeu um Grammy no ano passado, e agora chega "Road From Memphis", cujo título alude à cidade onde Jones, 66 anos, nasceu e se tornou adulto. "Sempre sou obrigado a conciliar, mas esses dois discos são imagens do que vem acontecendo dentro de mim, dos sons que andam sendo gestados", disse Jones, que foi incluído no Hall da Fama do Rock and Roll em 1992.
"Com 'Potato Hole', achei que eu precisava fazer barulho para que as pessoas soubessem que eu estava de volta. E agora estou de volta a Memphis, às minhas raízes no R&B."
O co-produtor de "Road From Memphis" é Ahmir Thompson, também conhecido como Questlove, baterista do grupo neo-soul e de hip-hop The Roots. "Quero trabalhar com os artistas que cresci ouvindo e amando", disse Thompson, "e mostrar a eles que eles não precisam necessariamente cantar o songbook de Cole Porter ou fazer uma participação no disco de Lil Wayne para subirem no palco do Grammy."
Thompson observou que as gravações que Booker T. & the MG's fizeram para o selo Stax em meados dos anos 1960, a época áurea do "som de Memphis", continuam a ser tão cheias de suíngue que até hoje são sampleadas por rappers. Seu objetivo em "The Road From Memphis", disse ele, foi fazer o tipo de disco que artistas de hip-hop de 2051 também vão querercopiar.
Uma faixa intitulada "Down in Memphis" é uma canção em que Jones se recorda de "ir ao clube mais escuro em Beale Street, tocar aquela música cheia de ritmo, tomar aquele gim cheio de personalidade" e "aprender a trabalhar" durante aprendizado no estúdio Stax, onde tocou sucessos como "Dock of the Bay", de Otis Redding, e "Soul Man", de Sam & Dave.
"O som de órgão de Booker, aquele som de igreja, é o melhor que há, e ele é dono disso -as mãos dele vão para lá naturalmente", comentou a cantora soul Sharon Jones, que canta em outra faixa do álbum. "Mas ele deveria cantar mais. A voz dele é maravilhosa, ele soa tão descontraído."
O que "Down in Memphis" não menciona são alguns detalhes da jornada de Booker T. Jones. Ele tinha apenas 17 anos e ainda estava no colégio quando gravou "Green Onions", e em seus primeiros anos na Stax ele era aluno da Universidade do Indiana, onde estudou Bach e Sibelius e conquistou seu diploma em música.
"Durante quatro anos, dirigi ou voei 650 quilômetros entre Bloomington e Memphis todos os finais de semana, para voltar a Memphis e fazer as sessões do fim de semana", disse Jones. "Valeu a pena, porque conquistei mais que o simples diploma. Ganhei uma confiança que de outro modo não teria tido."
Jones disse que gravar "The Road From Memphis" trouxe de volta recordações, boas e más, da era da Stax. "Precisava revisitar esse tempo, emocional e musicalmente, para poder seguir adiante", disse. "Um aspecto de viver uma vida longa é que você aprende a perdoar, esquecer, recordar e apreciar, e isso é realmente benéfico e ajuda a reduzir os remorsos que você pode sentir."


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