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De volta à estrada, mas com orçamento curto
Por MICHELINE MAYNARD
Viagens de negócios muitas vezes foram retratadas com uma boa dose de estilo e aventura. Pense em Eva Marie Saint em "Intriga
Internacional", nos vários filmes de James Bond, em George Clooney em "Amor sem Escalas".
Embarcar em um trem, em um transatlântico ou em um jato parecia ser uma recompensa em si.
Diga isso ao viajante típico de hoje, que pega um ônibus para o aeroporto, paga caro por um lanche antes de embarcar e enfia
tudo em uma única mala, desde o notebook até o par de meias limpas.
Essa é a situação das viagens de negócios em 2010. A boa notícia para a indústria, segundo analistas, é que as companhias
finalmente estão gastando em viagens novamente, após 18 meses de aperto. Mas, por enquanto, a recomendação é para deixar o
Ritz de lado.
Quando, e se os confortos do passado voltarão, depende de quanto as empresas estão dispostas a gastar e que concessões
conseguem arrancar das companhias aéreas, cujos lucros hoje dependem de cobrar por amenidades tão básicas quanto
travesseiros.
Apesar da tecnologia que permite reservas on-line, quiosques e até que viajantes passem a mala pela máquina de checagem sem
tirar dela o computador, atrasos, custos adicionais e as multidões hoje são uma parte normal da experiência.
"As empresas não estão dizendo: 'Está bem, pode ficar no Ritz'. Elas estão mantendo um olhar muito aguçado nas despesas, por
causa das circunstâncias imprevistas", disse Henry H. Harteveldt, vice-presidente e principal analista da firma de pesquisas
Forrester Research.
Em recente viagem a Londres, Meredith E. Rutledge, curadora assistente do Rock and Roll Hall of Fame em Cleveland (EUA), que
procura objetos memoráveis ligados à música, combinou três atividades que no passado poderiam ter exigido visitas
individuais.
Ela procurou novos artefatos para as extensas vitrines de sua instituição; coletou roupas usadas pelas Supremes em um museu
em Newcastle, Inglaterra, e encontrou-se com membros dos Hollies e do ABBA para preparar a exposição das bandas.
Mas, em vez de ficar em hotel, Rutledge hospedou-se com parentes, e em vez de táxis, usou o metrô para circular pela cidade.
"Somos uma organização sem fins lucrativos e precisamos ser sempre prudentes", disse.
Um novo estudo da Forrester descobriu que cerca de 10% menos viajantes de empresas que fazem reserva online deverão cair na
estrada em 2010, comparando com 2008. É uma melhora significativa em relação a 2009, quando as viagens nas empresas caíram
25% em relação a 2008, nos estertores da recessão. Mas os orçamentos continuam apertados, como mostrou a análise com mais de
4.000 viajantes a negócios.
Mais da metade daqueles que responderam disseram esperar que suas companhias gastassem a mesma quantia em 2010 que no ano
anterior, e outros 25% daquelas empresas continuam verificando os gastos para tentar reduzi-los.
O medo causado pelo incidente terrorista em um avião que tentou pousar em Detroit no último Natal e a nuvem de cinzas do
vulcão da Islândia que impediu as viagens europeias em abril "não podiam ter ocorrido em um momento pior, porque finalmente
estamos vendo viajantes a negócios em número significativo voltarem aos céus", disse Harteveldt.
Essas incertezas são um dos motivos pelos quais as empresas estão esperando o máximo possível para aprovar viagens, e os
viajantes de negócios fazendo reservas muito mais perto das datas de viagem do que no passado.
Segundo pesquisas do Travel Leaders Group, uma agência de viagens de âmbito nacional, quase todas as viagens domésticas são
reservadas com antecedência de duas semanas ou menos, e cerca de três quartos das viagens internacionais são reservadas com
prazo de três semanas ou menos.
Em outros tempos, esses viajantes poderiam ter de pagar preços maiores do que se tivessem reservado mais cedo. Mas os sites
de viagens tornaram possível caçar pechinchas de última hora, enquanto os departamentos de viagens das empresas estão
aprendendo a jogar duro com as companhias aéreas, não apenas em relação a tarifas mas também a benefícios.
As taxas cobradas pelas companhias aéreas em tudo, de sacolas a assentos na janela, estão dificultando para as empresas
descobrir qual será o custo real de uma passagem de avião.
Talvez esse seja um motivo pelo qual algumas estão evitando os aviões. Em 2008, mais de 66% dos viajantes nos EUA disseram
ter feito uma viagem de avião a negócios pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores, segundo a Forrester. No primeiro
trimestre de 2010, a porcentagem tinha caído para 58%, e um número crescente de viajantes preferia dirigir seus carros,
segundo a pesquisa.
Rutledge faz o possível para convencer doadores a visitar o Rock Hall em Cleveland, o que ela considera "uma ferramenta
importante" em seus esforços para conseguir novas exposições -e economizar dinheiro em viagens. "Geralmente nós tentamos
fazer as pessoas virem até nós, em vez do contrário", disse.
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