São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Estrangeiros da velha Europa renovam os ares do Brooklyn

Por CHRISTINE HAUGHNEY


Novos moradores estão abrindo cafés e escolas de idiomas

Os franceses ocuparam o terraço do Café Fabiane's, os britânicos se congregam no Spike Hill Bar & Grill para assistir aos jogos do Manchester United, enquanto os pais de família suecos se visitam mutuamente para o "fika", evento social regado a café e bolo.
Há hoje em dia um ar notadamente europeu no calendário social de Williamsburg, dentro do bairro nova-iorquino do Brooklyn, onde compradores afluentes da França, da Alemanha, da Itália e do Reino Unido estão transformando um bairro mais conhecido por atrair alternativos, pessoas do Meio-Oeste e imigrantes poloneses.
Outros bairros transformados pelo boom dos condomínios dos últimos anos também viram estrangeiros investirem seus ienes, libras e euros em imóveis. Mas a tendência é mais visível em Williamsburg, onde os recém-chegados estão fincando raízes mais profundas, em vez de procurarem apenas casas de fim de semana ou propriedades para investir.
Muitos estão comprando apartamentos maiores, com cozinhas grandes, para dar espaço a famílias em expansão. Alguns abrem restaurantes, escolas de línguas estrangeiras e outros pequenos negócios.
Grande parte dos imigrantes diz ter escolhido Williamsburg em parte por ser mais barata do que Manhattan, no outro lado do rio East, mas também por lembrar as suas cidades de origem. Eles dizem apreciar seus cafés, sua riqueza menos ostensiva e a vibração artística que evoca o bairro do Marais (Paris) ou Brighton (Reino Unido). O sentido comunitário atenua a dor de estarem longe de parentes e amigos.
"A maioria dos meus amigos na verdade é francesa", disse Scheyla Carriglio, que há dois anos trocou Barcelona por um apartamento em Williamsburg e é sócia do café Mamalu, na rua 12 Norte. "Praticamente não tenho amigos que não sejam europeus."
O afluxo de europeus é a mais nova guinada de um bairro que se tornou símbolo da recente valorização imobiliária de Nova York. Até cerca de dez anos atrás, Williamsburg era uma mistura de fábricas abandonadas, depósitos e moradores que tendiam a ser artistas intrépidos, imigrantes operários ou judeus hassídicos. A economia fraca e a valorização do dólar parecem ter reduzido a europeização do bairro, mas sem interrompê-la, segundo corretores imobiliários.
Jonathan Miller, executivo-chefe da firma de avaliação imobiliária Miller Samuel Incorporated, disse que os europeus ainda representam um percentual maior entre os compradores de apartamentos do que há cinco anos. Os corretores dizem também que os europeus, descobrindo que seus euros e suas libras valem menos agora do que valiam há poucos meses, estão cada vez mais interessados no Brooklyn, onde os preços são mais baixos.
"Agora é definitivamente um mercado [favorável] para o comprador", afirmou Wendy Gouirand, que se transferiu de Paris para Williamsburg há três anos e, agora que o mercado se desaqueceu, espera aproveitar uma poupança em euros para adquirir um imóvel.
Os compradores estrangeiros estão nos EUA com uma combinação de vistos de trabalho, solicitações de "green card" e cidadania adquirida por intermédio dos pais. Muitos manifestam a vontade de ficar para sempre, embora a longa espera pela residência permanente e a situação econômica tornem tal ambição incerta.
Empresas locais têm tentado atender às preferências dos novos imigrantes. Fredrick Larsson, dono da loja de móveis suecos Scandinavian Grace, recebe os clientes em diferentes idiomas e aprende a responder às suas dúvidas. "Eles não querem só um produto bonito", disse ele referindo-se aos europeus, que constituem metade da sua clientela. "Eles são compradores mais sérios."


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