São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Para curar dor no maxilar, o melhor é não fazer muita coisa

Por JANE E. BRODY

Uma pessoa tem enxaqueca; outra zumbido nos ouvidos; uma terceira estalos na mandíbula; uma quarta, dor nas laterais e atrás da cabeça e no pescoço. Todas são suspeitas de ter distúrbio temporomandibular.
Cerca de três quartos dos americanos têm um ou mais sinais de um problema temporomandibular, a maioria dos quais aparece e acaba desaparecendo por conta própria. Especialistas de Boston estimam que somente 5% a 10% das pessoas com sintomas precisam de tratamento.
Popularmente chamado de DTM, por causa da articulação onde se unem as mandíbulas superior e inferior, o distúrbio temporomandibular representa uma classe mais ampla de problemas de dor de cabeça que podem envolver essa articulação delicada, os músculos utilizados na mastigação e os músculos e ossos relacionados na cabeça e no pescoço.
Mas, segundo especialistas, pacientes frequentemente não são examinados de maneira abrangente e se submetem a terapias dispendiosas e às vezes irreversíveis, que podem fazer pouco ou nada para aliviar seus sintomas. Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisa Dental e Crânio-facial escreveram recentemente que "às vezes é melhor não fazer muito para tratar o DTM".
A articulação temporomandibular (ATM) é complexa e liga a mandíbula inferior ao osso temporal na lateral da cabeça. Ela tem uma "dobradiça" e um movimento de deslizar. Quando a boca está abrindo, as extremidades arredondadas do maxilar inferior, ou côndilos, deslizam pelos encaixes dos ossos temporais. Músculos se ligam aos maxilares e aos ossos temporais, e um disco macio entre eles absorve os choques da mandíbula na mastigação e em outros movimentos.
Os pesquisadores de Boston escreveram recentemente no "New England Journal of Medicine" que a causa dos distúrbios temporomandibulares "é considerada multifatorial, com fatores biológicos, comportamentais, ambientais, sociais, emocionais e cognitivos, isolados ou em combinação".
Entre as causas "mecânicas" hoje identificadas como prejudiciais à função da ATM estão anomalias congênitas ou desenvolvidas do maxilar; deslocamento do disco entre os ossos dos maxilares; inflamação ou artrite; lesão traumática na articulação; infecção; e frouxidão ou rigidez excessiva da articulação.
Mas o problema mais comum de DTM é conhecido como síndrome de dor miofascial, um mal neuromuscular dos músculos da mastigação caracterizado por uma dor surda e intensa dentro do ouvido, que pode se irradiar à lateral ou à parte posterior da cabeça ou descer pelo pescoço. Alguém com esse distúrbio pode sentir dor nos músculos do maxilar, ouvir estalos na mandíbula ou ter dificuldade para abrir e fechar a boca.
As mulheres representam cerca de 90% dos pacientes de DTM, segundo Leonard Kaban, chefe de cirurgia oral e maxilofacial no Hospital Geral de Massachusetts em Boston.
Descansar o maxilar é a terapia mais importante. Elimine maus hábitos de mastigação e mordida e evite abrir muito a boca ao bocejar ou rir. Também ajuda aplicar calor na lateral da cabeça e tomar medicamentos anti-inflamatórios não-esteróides durante até duas semanas.
A fisioterapia para retreinar a posição da coluna, da cabeça, do maxilar e da língua pode ser útil. Mas Kaban advertiu contra adotar "qualquer tratamento caro e irreversível" antes de um diagnóstico completo.


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