São Paulo, segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA: GADGETS

Investidor volta a apostar em tendências

Por CLAIRE CAIN MILLER

Após hibernar durante o último ano, os investidores de risco do Vale do Silício começam a se mexer.
Os financistas de tecnologia levantaram cerca de US$ 14 bilhões para financiar novas empresas em 2009, uma forte queda em relação aos US$ 36 bilhões de 2007. Mas, enquanto o congelamento econômico começa a derreter nos EUA, investidores voltaram a preencher cheques para os empresários.
Algumas das ideias se tornarão as grandes empresas de capital aberto do futuro. Outras vão falir porque são precoces ou retardadas, ou carecem de originalidade. Mas, quer essas empresas deem certo ou não, as novas ideias que estão intrigando os principais investidores de risco oferecem uma primeira visão das tecnologias que poderão transformar nosso modo de vida nos próximos anos.

COMPUTADORES DE BOLSO
Os gurus da tecnologia há muito tempo previram que um dia carregaríamos pequenos computadores, e no ano passado isso começou a acontecer com iPhone e outros. A computação se tornará ainda mais portátil neste ano, especialmente se a Apple lançar um muito falado computador "tablet", disse Todd Chaffee, sócio da Institutional Venture Partners, na Califórnia.
O modo como utilizamos telefones e computadores também vai mudar. Daqui a 20 anos, um teclado e um mouse serão coisas arcaicas, disse Brad Feld, diretor-gerente do Foundry Group em Boulder, Colorado: "Com a computação multitoque, baseada em gestos, espacialmente controlada e ativada por voz, há um volume incrível de inovação".
Apesar do interesse pelo celular, os investidores estão perdendo o entusiasmo por empresas novatas que fabricam aplicativos para o iPhone. "O crescimento foi grande, mas acho que agora todos compreendemos que é muito difícil construir grandes empresas com isso", disse David Pakman, sócio da Venrock, em Nova York.
Neste ano, os investidores estão mais entusiasmados pelo Android, sistema operacional de celular da Google. Em 2010, as pessoas deverão comprar duas a três vezes mais celulares baseados no Android do que iPhones, "destruindo a hegemonia do ecossistema Apple", disse Peter Fenton, sócio da Benchmark Capital em Menlo Park, Califórnia.

TECNOLOGIA VERDE EM BAIXA
Muitos capitalistas tornaram-se céticos e investiram apenas US$ 1,6 bilhão nas empresas de tecnologia limpa nos primeiros nove meses de 2009, comparados com US$ 3,1 bilhões no mesmo período em 2008, segundo a National Venture Capital Association.
Muitos ainda acham que salvar a Terra pode ser lucrativo, mas em pequena escala. A Foundation Capital está interessada em aplicativos que usam a rede elétrica inteligente para monitorar, distribuir e poupar energia. A Battery Ventures procura empresas que façam equipamentos, como computadores, que gastem menos energia.

EXCESSO DE DADOS
Todos produzimos muito mais dados do que um ano atrás. Mas "o modo como construímos os sites da web nos últimos 15 anos realmente não foi projetado para lidar com a quantidade de dados atual", disse Pakman.
Novas empresas de tecnologia vão descobrir como modificar a arquitetura da web para acomodar esse dilúvio de dados, disse.

ESCRITÓRIO MAIS EFICIENTE
As novatas que fabricam software e hardware para empresas vão se inspirar em equipamentos de consumo como o iPod e fabricar produtos mais simples de usar, disse Sunil Dhaliwal, sócio da Battery Ventures, em Boston.
"O sujeito que compra software e hardware para empresas provavelmente se parece muito mais com um sujeito criado com um iPod e um iPhone do que com um de 60 anos criado em terminais Unix e grandes computadores IBM", disse. "Isso vai modificar a tecnologia vendida para as empresas."
Paul G. Koontz, sócio da Foundation Capital, disse que os empresários estão apresentando ideias de software de virtualização e computação em nuvem baseada na web, que dão às empresas opções mais baratas de manutenção tecnológica. "Daqui a dez anos, nossa noção do centro de dados empresarial estará esquecida, e o modo como as grandes empresas usam a tecnologia como software será completamente redefinida", ele disse.
As empresas de segurança que ajudam os sites da web e proprietários de computadores a se proteger também estão prontas para receber investimento, disse Ray Rothrock, sócio da californiana Venrock.
Hoje, segundo ele, de 80% a 97% dos e-mails das empresas são spam, e o malware, software que infecta os computadores, cresceu exponencialmente.


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