São Paulo, segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

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Óculos 3D são a nova frente na guerra do cinema


Quatro empresas competem para fornecer óculos para filmes 3D, incluindo marca com obturadores de LCD movidos a bateria

Por ERIC A. TAUB

Enquanto os na'vi de pele azul disparam flechas pela tela em direção à plateia, no filme em 3D "Avatar", outra batalha está sendo travada no cinema -pelos estranhos óculos que cinéfilos devem usar para ver os efeitos tridimensionais.
Quatro empresas combatem com três tecnologias diferentes. Cada uma delas é mais avançada que os óculos de papel usados para ver "Bwana Devil", o primeiro filme comercial em 3D, na década de 1950, mas todos seguem o mesmo princípio geral. Cada olho vê um quadro ligeiramente diferente do filme, mas o cérebro os junta e percebe a profundidade.
Cerca de 4 milhões de óculos feitos pela RealD, a líder de mercado, foram usados durante o fim de semana de estreia de "Avatar" nos EUA. Os óculos RealD usam lentes polarizadas e custam cerca de US$ 0,65 cada um. Outra fornecedora, a MasterImage 3D, usa uma tecnologia semelhante.
A Dolby, companhia por trás dos sistemas de som dos cinemas, faz óculos que filtram diferentes frequências de vermelho, verde e azul. Eles custam cerca de US$ 28 cada um. Os óculos da terceira empresa, a XpanD, usam obturadores de LCD movidos a bateria que abrem e fecham, de modo que cada olho vê o quadro apropriado do filme. Custam até US$ 50 cada um.
Cada empresa afirma que seus óculos e sua tecnologia de projeção são os melhores. Como os óculos que usam uma tecnologia são inúteis em um cinema que usa outro sistema de projeção digital, as companhias que apoiam as três tecnologias estão disputando o predomínio enquanto a indústria de 3D ainda engatinha.
James Cameron, diretor de "Avatar", é com frequência o principal instrumento de marketing. Ele apoiou o RealD, diz a empresa, que tem cerca de 5.000 telas usando seu sistema. Mas ele, sua mulher e seu sócio na produção foram fotografados na estreia no Japão usando óculos XpanD, que funcionam em 2.000 telas em todo o mundo.
A Dolby diz que seus óculos funcionam com 2.200 telas, mas não tem a conexão Cameron. A batalha sobre que óculos os clientes usam é grande, porque as exibidoras estão convencidas de que o 3D, embora hoje pareça uma brincadeira, vai atrair os cinéfilos, fazendo-os deixar suas TVs amplas e de alta definição em casa e voltar aos cinemas. Maria Costeira, executiva-chefe da XpanD, acredita que "com o tempo também veremos filmes em 3D nos aviões".
A briga em torno dos óculos poderá se intensificar porque os fabricantes de televisores estão promovendo as TVs 3D para a residência como uma maneira de aumentar as vendas de aparelhos mais caros.
Apesar do esforço de marketing, quando se trata de escolher um sistema 3D, muitas exibidoras estão tomando a decisão com base em um fator: eles querem estar no negócio de limpeza, assim como no de cinema?
Isso porque os caros óculos Dolby e XpanD vão para um lava-louça depois de cada sessão, e não para o lixo. As duas companhias recomendam que os donos de cinemas os limpem em uma máquina industrial. A XpanD oferece lenços descartáveis que podem ser entregues aos clientes junto com o ingresso, para garantir que os óculos estejam livres de germes.
A RealD, cujos óculos baratos e descartáveis eram vistos como um problema, abordou as preocupações com a higiene. Hoje os donos de cinemas são incentivados a devolver os óculos usados para a empresa, que os limpa, conserta e embala para outros cinemas.
Mas a pergunta mais importante segue sem resposta: algum sistema gera uma imagem em 3D melhor que outro? Joe Miraglia, diretor de projeto de uma rede de cinemas de luxo nos EUA, disse: "Eu acho que o consumidor não consegue ver a diferença".
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