São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2011

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A Marvel moderna enxerga além do Multiplex

Heróis triunfam na tela, mas quadrinhos sobreviverão?

Por DAVE ITZKOFF

A Marvel Comics, lar do Homem-Aranha e do Homem de Ferro, pode afirmar que é a editora número um em seu campo, superando a rival DC Comics, famosa por Batman, Super-Homem e Mulher Maravilha, em quantidade e valor dos quadrinhos que vende mensalmente. E haverá avalanche de entretenimento com personagens da Marvel, incluindo filmes de X-Men, Thor e Capitão América. Mas essas oportunidades surgem em um momento em que a indústria de quadrinhos ainda luta para se adaptar ao século 21, e a operação principal da Marvel enfrenta alguns de seus maiores desafios. Enquanto seus negócios de cinema prosperam, seu ramo impresso diminui, e os responsáveis pela criação dos quadrinhos se conscientizam de seu lugar em uma estrutura corporativa maior.
A Marvel se recuperou do período na década de 1990 em que pediu concordata em meio a uma luta entre os financistas Ronald O. Perelman, que tinha comprado a Marvel e a combinou com outras empresas, e Carl C. Icahn, que tentava controlá-la (um terceiro empresário, Isaac Perlmutter, adquiriu a companhia e é o principal executivo da Marvel).
Joe Quesada, que, no ano passado, foi nomeado diretor de criação da Marvel, disse que sua estratégia durante o período de dez anos como editor-chefe da empresa foi se "concentrar primeiro nos escritores e depois trazer os artistas".
A Marvel encontrou campeões de venda em minisséries de quadrinhos como House of M (Dinastia M) e Guerra Civil. A Marvel também se beneficiou mais de franquias de cinema quando Homem-Aranha e X-Men se tornaram campeões de bilheteria. Mas, durante o desenvolvimento de Homem de Ferro, a Marvel convidou alguns de seus editores e autores para consultar seu diretor, Jon Favreau. Quando o filme Homem de Ferro rendeu US$ 585 milhões em ingressos em todo o mundo, o sucesso pareceu confirmar as sugestões de seu talento editorial.
Embora o lado editorial da Marvel não controle o conteúdo da Marvel Films, Kevin Feige, presidente de produção dos Marvel Studios, disse que a narrativa dos quadrinhos tem uma forte influência nos filmes, "porque é muito mais barato arriscar em um quadrinho do que em um filme".
O que é menos claro é se os filmes de super-heróis fazem com que leitores comprem mais quadrinhos. Rich Johnston, que escreve sobre HQ no site Bleeding Cool, disse que a Marvel está igualmente alienando os fãs ao se preparar para o lançamento de filmes como Thor e Capitão América: o Primeiro Vingador (que estreia na primavera e verão) e Os Vingadores (planejado para 2012) com a publicação de muitos livros de quadrinhos e novelas gráficas que apresentam esses personagens.
Um problema mais preocupante, segundo Johnston, é a sensação de "tédio entre muitos leitores da Marvel", que se cansaram da dependência da editora de minisséries anuais para sacudir suas narrativas enquanto os quadrinhos mensais fazem as histórias avançar pouquíssimo. Os números de vendas confirmam isso: em 2006 e 2007, Guerra Civil, que incluía o Homem de Ferro e o Capitão América, vendeu 300 mil exemplares por edição. Mas, no ano passado, a minissérie Siege vendeu pouco mais de 100 mil exemplares.
Por fora, a Marvel é abalada por crises editoriais: o fechamento de lojas e livrarias de quadrinhos, a queda nas vendas que se arrasta por toda a recessão e a crescente ameaça da pirataria digital. Mas a Marvel e os jornalistas do setor disseram que o ramo editorial ainda é rentável. Johnston calculou que um livro de quadrinhos que venda apenas 20 mil ou 30 mil exemplares ainda pode dar lucro.
Apesar de tudo o que mudou nessa indústria, Axel Alonso, novo editor-chefe da Marvel, disse que se entusiasma com a visão de quadrinhos recém-publicados ou ao receber um e-mail de Stan Lee, o grande autor e ex-presidente da Marvel, parabenizando-o por sua promoção. "Eu ri como uma escolar quando Stan me mandou a mensagem", ele disse. "Vou colocá-la numa moldura."


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