São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LENTE

A ciência do travesseiro

Ao usar uma faixa especial na cabeça para dormir, relatou David Pogue no "New York Times", um relógio marcará o tempo que você passa nos vários estágios do sono: leve, profundo ou de movimento rápido dos olhos (MRE). Depois, você pode enviar os dados para um site na web e obter uma nota da qualidade do seu sono.
"É realmente incrível, até um pouco assustador, ver todos esses dados sobre uma parte da sua existência da qual você nada sabia até agora", escreveu Pogue.
Talvez você saiba pouco sobre o que acontece enquanto está dormindo, além de alguns sonhos bizarros. Mas os cientistas fizeram várias descobertas recentes sobre o terço das nossas vidas que passamos descansando, ou pelo menos tentando descansar.
Cerca de 5% das pessoas podem despertar totalmente descansadas, sem despertador, depois de um sono curto, escreveu Tara Parker-Pope no "Times". Ying-Hui Fu, professora de neurologia na Universidade da Califórnia em San Francisco, e seus colegas encontraram uma mutação de um gene ligado aos ritmos circadianos em duas pessoas, mãe e filha, que naturalmente dormiam pouco -seis horas por noite. A mutação, a primeira já descoberta que se relaciona à duração do sono, poderá ser uma chave para a compreensão dos distúrbios do sono.
"Sabemos que o sono é necessário para a vida, mas conhecemos muito pouco sobre ele", disse Fu. "Conforme aprendermos mais sobre o mecanismo do sono e seus caminhos, poderemos compreender melhor o que causa os problemas de sono."
Se você fica virando na cama à noite, o aconselhamento on-line pode ajudar. Estudos nos EUA e no Canadá demonstraram que a terapia comportamental cognitiva baseada na web pode reduzir a insônia, escreveu Amanda Schaffer no "Times".
"Eu gostei do fato de ser pela internet", disse uma participante do estudo, Kelly Lawrence, 51, do Canadá, "porque quando você não dorme não quer se levantar e ter de ir a uma consulta".
Se nada disso funcionar, faça como Albert Einstein, Winston Churchill ou Thomas Edison faziam: tire um cochilo. Um novo estudo mostra que os cochilos ajudam a solucionar problemas, escreveu Nicholas Bakalar no "Times". Os participantes do estudo fizeram dois testes de associação de palavras. Os que tiraram um cochilo entre os testes que englobava sono MRE -o tipo que inclui sonhos- se saíram 40% melhor no segundo teste do que no primeiro.
"Os sonhos são engraçados", disse a professora de psiquiatria Sara Mednick, que conduziu o estudo. "Eles incorporam ideias estranhas que você jamais teria acordado. No sono MRE, torna-se mais provável que as ideias se juntem em uma solução."
Algumas perguntas sobre o sono ainda não foram respondidas. Por exemplo, por que as girafas dormem cinco horas por dia enquanto os morcegos dormem 20? Uma teoria, como escreveu Benedict Carey no "Times", é que, para otimizar seu tempo, os animais dormem nas horas em que é mais arriscado encontrar comida. O morcego, por exemplo, se alimenta de insetos que saem à noite, e dormir durante o dia o mantém escondido de predadores com visão melhor.
Um corolário dessa teoria é que estamos mais despertos quando estamos inclinados a ser mais produtivos, segundo Carey. A incapacidade de dormir às 22h, portanto, talvez não seja sinal de um distúrbio. "Se o sono evoluiu como o administrador do tempo, então estar 'ligado' às 2h da manhã pode significar que existe um trabalho valioso a ser feito", escreveu.


Envie comentários para nytweekly@nytimes.com



Texto Anterior: Uma passagem cobiçada
Próximo Texto: TENDÊNCIAS MUNDIAS:
Terras férteis secam e destroem esperanças no Quênia

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.