São Paulo, segunda-feira, 26 de outubro de 2009

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Computador "tablet" pode afinal virar realidade


Gurus da tecnologia fazem sonhos sobre placas em branco


Por BRAD STONE e ASHLEE VANCE
SAN FRANCISCO - O setor tecnológico anda empolgado com uma ideia que não é exatamente nova: os computadores "tablet".
Discretamente, várias empresas se preparam para lançar nos próximos meses versões dessas máquinas portáteis sem teclado, com tela sensível ao toque. Observadores estão particularmente de olho em se a Apple irá vender esse dispositivo a partir de 2010.
Os "tablets" estão por aí em várias formas há duas décadas, até agora resultando apenas em um memorável fracasso. Mesmo assim, a nova leva de equipamentos capturou a imaginação de executivos, blogueiros e caçadores de novidades tecnológicas.
Para eles, os "tablets" irão salvar os jornais e as editoras, serão uma nova forma de assistir a TV e filmes e de jogar videogames, além de oferecer um modo visualmente rico de aproveitar a internet e o mundo em rápida expansão dos aplicativos para celulares.
"Desktops, laptops -já sabemos como eles funcionam", disse Brian Lam, diretor editorial do popular site de tecnologia Gizmodo. Os "tablets", segundo ele, "são um dos últimos mistérios que restam".
Os computadores "tablet" foram inicialmente concebidos como uma forma de suplantar o velho papel -assim como os PCs substituíram as máquinas de escrever.
Em 1993, o Newton MessagePad, da Apple, com sua tela cara e sua caneta stylus, se tornou conhecido não por suas características inovadoras, mas por ser ridicularizado na tira "Doonesbury" devido às suas falhas no reconhecimento da caligrafia. Steve Jobs matou o Newton quando voltou para a Apple, em 1997.
Então, em 2001, na feira Comdex, Bill Gates lançou um novo sistema Windows para "tablets", com uma previsão ousada: em cinco anos, afirmou, os "tablets" seriam "a forma mais popular de PC vendida nos EUA". Isso não aconteceu, é claro. "Tablets" rodando Windows vendem apenas umas poucas centenas de milhares de unidades por ano, a maioria para setores como saúde e serviços financeiros.
Havia problemas muito básicos com esses primeiros "tablets": eles custavam demais e não faziam o suficiente. "Os engenheiros de software ficaram à frente das capacidades do hardware", disse Paul Jackson, analista de produtos da Forrester Research, empresa independente de tecnologia e pesquisa de mercado. "Mas podemos estar finalmente chegando ao ponto em que os sonhos e as aspirações desses projetistas estejam realmente encontrando uma tecnologia capaz e com preço razoável."
O rufar de tambores do lançamento de "tablets" já começou. Em junho, a francesa Archos começou a vender um pequeno "tablet" com o software Android, do Google. Ela vai lançar outro "tablet" com o Windows 7, da Microsoft, que vem com suporte para telas sensíveis ao toque.
O blog de tecnologia TechCrunch também encomendou o seu próprio "tablet" para internet, chamado CrunchPad, que prometeu lançar no final deste ano.
Apesar dos seus problemas anteriores no negócio dos "tablets", a Microsoft parece disposta a tentar de novo. Em setembro, imagens de um dispositivo da Microsoft parecido com um livro, chamado Courier, com duas telas coloridas de 7 polegadas, apareceram no Gizmodo.
O suposto "tablet" da Apple é o mais aguardado de todos. Analistas preveem que a empresa o lançará no começo do ano que vem -uma espécie de versão revista e ampliada do iPod Touch, com preço em torno de US$ 700.
Apesar da preponderância dos aplicativos para celulares, ainda há a persistente questão de se as pessoas comuns irão realmente encontrar um uso para os computadores "tablet".
"Posso imaginar algo como o iPhone com uma tela muito maior, sendo um dispositivo esplêndido e com grande capacidade, mas não sei onde eu encaixaria isso na minha vida", disse um ex-executivo da Apple, que pediu anonimato devido às políticas de sigilo da empresa, mas que prevê um "tablet" da Apple para o ano que vem. "Esses são os debates que têm acontecido dentro da Apple já há algum tempo."

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