São Paulo, segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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Roupa que não amassa tem perigos ocultos

Antes de usar, não deixe de lavar as peças de roupa

Por TARA SIEGEL BERNARD
O ferro de passar, essa relíquia dos lares de antanho, parecia se tornar supérfluo desde que os varejistas passaram a oferecer camisas e calças com "acabamento à prova de vincos", que ficam "ótimas assim que saem da secadora".
Mas, embora não seja óbvio lendo a etiqueta, o acabamento antidobras vem de uma resina que libera formaldeído, substância química em geral associada a fluidos para conservação ou a sapos dissecados nas aulas de biologia.
E as roupas não são as únicas coisas tratadas com essa substância. O formaldeído é habitualmente encontrado em produtos como lençóis, fronhas, cortinas, estofados, xampus, loções e sombra para olhos.
A maioria dos consumidores, provavelmente, nunca terá problemas ao se expor ao formaldeído, mas ele pode causar graves consequências para quem o manuseia em fábricas. Para quem veste roupas que não amassam, o maior problema em potencial é aquilo que os médicos chamam de dermatite de contato.
Essa doença da pele afeta um pequeno grupo de pessoas e pode causar urticárias, erupções e bolhas, segundo um recente estudo de autoridades americanas sobre a presença de formaldeído em produtos têxteis.
Os Estados Unidos não regulamentam os níveis de formaldeído nas roupas, em geral importadas. E o governo, tampouco, exige que os fabricantes revelem o uso dessa substância nas etiquetas. Por isso, consumidores sensíveis podem ter dificuldades para evitá-lo, embora lavar a roupa antes de usar ajude a eliminar o problema.
O Escritório de Responsabilidade Governamental (GAO, na sigla em inglês), braço investigativo do Congresso americano, recentemente examinou os níveis e os potenciais riscos à saúde do formaldeído, conforme estipulado na Lei de Melhoria da Segurança dos Produtos de Consumo, de 2008.
A maioria dos 180 itens testados, principalmente roupas e lençóis, tinha níveis baixos ou indetectáveis de formaldeídos, cumprindo as diretrizes voluntárias do setor, baseadas nos padrões do Japão, que estão entre os mais rígidos. Mesmo assim, 5,5% dos itens, principalmente calças, camisas, fronhas, lençóis para berços e um boné de beisebol infantil, excediam 75 partes por milhão, limite mais rigoroso para os produtos que entram em contato com a pele.
Os níveis encontrados no estudo do GAO provavelmente não causam irritação na maioria das pessoas. Mas pesquisas mostram que o pequeno grupo de indivíduos alérgicos pode apresentar erupções cutâneas com níveis a partir de 30 partes por milhão.
Então, por que usar essa substância? O formaldeído, basicamente, mantém as fibras do tecido no lugar depois de passar pela centrífuga da lavadora. Sem ele, as fibras podem amarrotar ou as pregas podem sumir.
O estudo não oferecia recomendações, mas os pesquisadores disseram que suas conclusões os levaram a pensar duas vezes sobre usar tais roupas sem uma lavagem prévia.
"Algumas das maiores ocorrências eram com camisas masculinas", afirmou John Stephenson, diretor de questões de proteção ambiental do GAO. "Visto quase exclusivamente camisas que não precisam ser passadas. Isso me levou a lavá-las pelo menos duas vezes."


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