São Paulo, segunda-feira, 29 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sueco cria banheiro para favelas

Por SINDYA N. BHANOO

Um empresário sueco está tentando comercializar um saco de plástico biodegradável que funciona como um banheiro de uso único, para favelas urbanas no mundo em desenvolvimento.
Depois de usado, o saco pode ser amarrado e enterrado, e uma camada de cristais de ureia decompõe os dejetos em fertilizante, matando os organismos que produzem doenças encontrados nas fezes.
O saco, chamado de Peepoo, é a criação de Anders Wilhelmson, arquiteto e professor de Estocolmo.
"[O saco] não só é sanitário", disse Wilhelmson, que patenteou o produto, "como se pode reutilizar o material para cultivar vegetais".
Em sua pesquisa, ele descobriu que as favelas urbanas do Quênia, apesar de serem densamente povoadas, tinham espaços abertos onde os dejetos podiam ser enterrados. Também descobriu que os moradores das favelas coletavam seus excrementos em um saco plástico e o descartavam atirando-o, o que chamavam de "banheiro voador" ou "banheiro-helicóptero".
Isso inspirou Wilhelmson a projetar o Peepoo, uma alternativa ambiental que ele acredita que dará lucros. "As pessoas vão dizer: é útil para mim, mas será que o preço está bom?", ele disse.
Ele pretende vendê-lo por US$ 0,02 ou 0,03 -custo comparável ao de um saco plástico comum.
No mundo em desenvolvimento, cerca de 2,6 bilhões de pessoas, ou cerca de 40% da população da Terra, não têm acesso a banheiros, segundo a ONU.
É uma crise de saúde pública: a defecação a céu aberto pode contaminar a água potável, e cerca de 1,5 milhão de crianças em todo o mundo morrem anualmente de diarreia, principalmente por causa das más condições sanitárias e de higiene. Para atenuar isso, a ONU tem como objetivo reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso a banheiros até 2015.
O mercado para banheiros de baixo custo no mundo em desenvolvimento é de aproximadamente US$ 1 trilhão, segundo Jack Sim, fundador da World Toilet Organization, grupo de defesa das condições sanitárias.
Mas Therese Dooley, assessora-chefe de sanitização e higiene da Unicef, disse que inculcar hábitos sanitários não é fácil. "Vai exigir uma grande mudança de comportamento", disse Dooley. Ela acrescentou que "o setor privado pode ter um papel importante, mas nunca chegará ao fundo da pirâmide".
Uma população considerável, pobre e sem instrução ficará sem banheiros, disse Dooley, e organizações beneficentes e governos terão de exercer um grande papel na transmissão de informação.
Enquanto isso, Wilhelmson está levando adiante o Peepoo.
Após testar com sucesso durante um ano no Quênia e na Índia, ele disse que pretende produzir o saco em massa nos próximos meses.


Texto Anterior: Equipe prepara salto supersônico
Próximo Texto: Adolescente com câncer requer tratamento distinto

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.