São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 2011

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Financiando o sonho interestelar

O meio milhão de dólares da Darpa não é suficiente nem para adquirir um modesto escritório onde tal nave seria imaginada - mas é o bastante para iniciar uma arrecadação séria de recursos, ou para atrair a zombaria de quem critica os gastos governamentais.
Faltam pelo menos dois séculos para um lançamento tripulado real, e, a não ser pela invenção de dobras espaciais como as de "Jornada nas Estrelas", sua conclusão levaria outros séculos adicionais.
Quem embarcar numa viagem dessas não irá regressar.
Depois de novembro, essa organização será independente. "Não temos a intenção de levar isso adiante", acrescentou Neyland.
"A Darpa entrega as chaves a essa entidade, e lhe desejamos tudo de bom."
A viagem interestelar é uma perspectiva complicada. A Voyager 1, artefato mais veloz da humanidade, que hoje viaja a 61 mil quilômetros por hora em relação ao Sol, demoraria 70 mil anos para chegar a Alfa do Centauro.
Em um estudo da década de 1970, chamado Projeto Daedalus, a Sociedade Interplanetária Britânica sugeriu impulsionar uma nave interestelar com pequenas explosões termonucleares causadas pela compressão a laser de pelotas de deutério e hélio-3.
Em cerca de 50 anos, a nave levaria uma sonda científica de 455 toneladas à estrela de Barnard, a 5,9 anos-luz de distância, atingindo no percurso até 12% da velocidade da luz.
Segundo Tziolas, "esse foi o primeiro estudo que provou ser possível, com o conhecimento que temos agora, viajar para outra estrela".
Outros esquemas incluem velas gigantes, empurradas pela luz solar, e propulsores iônicos, usando feixes de partículas com alta energia.
Anos atrás, Marc Millis, ex-diretor de pesquisas de propulsão do Centro de Pesquisas Glenn, da Nasa, criou a Fundação Tau Zero, para estimular trabalhos sobre o tema dos "voos interestelares práticos".
Em 2010, Millis calculou que a sociedade levará pelo menos 200 anos até adquirir recursos energéticos para enviar 500 pessoas para fora do sistema solar.
Em janeiro, Neyland e Pete Worden, diretor do Laboratório de Pesquisas Ames, da Nasa, convidaram cerca de 30 cientistas, empreendedores e escritores de ficção científica para passarem dois dias trocando ideias.
Neyland descreveu a primeira reunião como uma tentativa de superar o "fator risadinha" associado ao tema.
Entre os participantes havia cientistas como J. Craig Venter, cujo instituto foi um dos primeiros a sequenciarem o genoma humano, e o autor de ficção científica Joe Haldeman. Um participante disse que "havia algumas pessoas do outro lado da realidade".
Para a reunião de Orlando, centenas de ideias foram enviadas. Jill Tarter, astrônoma do Instituto para a Busca de Inteligência Extraterrestre (Seti, na sigla em inglês), irá coordenar as discussões sobre os rumos a serem tomados.
Ela recebeu 50 ou 60 propostas, algumas das quais parecem relatos sobre óvnis.
"Talvez", afirmou ela "seja preciso ser um pouco louco para pensar nisso com seriedade".
Kelvin Long, pós-graduando em física da Universidade Warwick, em Coventry (Grã-Bretanha), e membro do Projeto Icarus, disse que já pensou nas plantas dos andares, no organograma e até num jardim japonês de um piramidal Instituto Interestelar, que poderia centralizar as pesquisas para uma viagem rumo a outra estrela.
"Muitos de nós somos bastante jovens, crescemos ouvindo falar do programa Apollo", disse. "Queremos participar de uma viagem significativa.
Pessoalmente achamos que podemos estar fazendo algo importante, levando a humanidade para as estrelas."


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