São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 2011

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O lixo da sociedade, novinho em folha

Por PENELOPE GREEN

TRENTON, Nova Jersey - A TerraCycle, uma companhia de "desenvolvimento de soluções para resíduos" criada 10 anos atrás por Tom Skazy, que abandonou a Universidade de Princeton antes de obter um diploma, inicialmente fabricava apenas um produto, chamado Worm Poop, um nutriente para plantas feito de excrementos.
Agora, a empresa recolhe lixo de companhias que fabricam sacos de suco, batatas chips, doces e embalagens para café expresso em doses individuais, para mencionar apenas algumas das variedades de resíduos que utilizam, e os transforma em sacolas, alto-falantes portáteis e cadernos vendidos em cadeias de varejo como a Wal-Mart.
Mais especificamente, a TerraCycle recolhe o material excedente nos processos de embalagem industrial e o transforma em objetos diferenciados que portam as marcas dos produtos originais de maneira muito visível, uma forma relativamente barata e positiva de estender o alcance de uma marca.
A companhia também recolhe lixo -sacos de suco vazios, escovas de dentes usadas recolhidas por igrejas e organizações de caridade- e o revende a empresas de reciclagem, que transformam o material em chapas plásticas que podem ser usadas para pavimentação, produção de mobília e como material de construção.
Nas últimas semanas, o departamento de pesquisa e desenvolvimento da TerraCycle vêm rasgando fraldas, em busca de uma maneira de reciclar as usadas. "Aqui o nojo não é barreira", disse Tiffany Threadgould, que comanda a equipe de desenvolvimento da companhia, cujos membros parecem ter forte tolerância a coisas repulsivas.
Threadgould, 37, é designer e escritora, e comanda o departamento de projeto da TerraCycle há três anos, criando produtos de "reciclagem com valor adicionado" que resultam em produtos como estojos de lápis feitos de sacos de suco e relógios feitos de placas de circuitos eletrônico, e comandando oficinas sobre como transformar sacos de ração animal em carteiras, por exemplo -algo que ela fez ano passado para 700 funcionários de uma fábrica húngara de ração.
Ela também é uma espécie de evangelista do lixo, prega há quase uma década divulga o valor de resíduos como material para artesanato.
Threadgould vende kits para uso artesanal de lixo -por exemplo, para transformar uma garrafa de vinho vazia em luminária-, por meio de sua empresa, a RePlayGround. E exorta gentilmente seus leitores a fabricarem relógios usando tampas de latas de tinta, em seu novo livro "ReMake It!"
"Quero mudar a maneira de pensar das pessoas com relação ao lixo", ela diz frequentemente.
A TerraCycle, que recolhe um bilhão de itens diferentes de resíduo em intervalos de poucos meses, opera principalmente no negócio da reciclagem, ou "comércio de lixo", como diz Albe Zakes, o diretor de publicidade.
Mas os produtos reciclados criados por Threadgould, que representam cerca de 10% do negócio, são os itens mais visíveis da companhia e atraem parceiros como a Kraft e a fabricante do suco Capri Sun.
Os esforços de design de Threadgould são ferramentas de marketing que reiteram e amplificam uma única mensagem: o lixo pode ser divertido.
No saguão da TerraCycle há relógios feitos das teclas de um computador, de uma tesoura e de uma roda de bicicleta; espelhos antigos pintados de vermelho, azul e dourado; e o logotipo da empresa, que parece um símbolo de infinito, formado por sacos de suco. O piso é feito de grama artificial descartada por um campo de futebol próximo. As mesas são de extintores de incêndio usados e madeira recuperada.
O estúdio de Threadgould tem prateleiras ocupadas por caixas com rótulos de "tampas de garrafa Pepsi", "embalagens Colgate" e "kits de teste de gravidez".
Testes de gravidez? "Sim, recebemos todo tipo de coisa de nossos parceiros", disse Threadgould. "Brad fez um relógio muito bacana com eles".


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