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OMBUDSMAN
Os ombudsmans
MARCELO BERABA
A Folha recebe, a partir de
hoje, ombudsmans da África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia, Dinamarca,
Estados Unidos, Holanda, Grã-Bretanha, Portugal, Suécia e
Turquia para a 26ª Conferência
Anual da Organization of News
Ombudsmen, a organização
mundial de defensores de leitores de jornais e revistas e de ouvintes e telespectadores de rádios
e TVs.
É a primeira vez que o encontro ocorre além dos limites da
América do Norte e da Europa.
De 1981, quando realizou a primeira conferência, até 1996,
EUA e Canadá sediaram todos
os encontros. A partir de 1997 foram realizadas conferências em
Barcelona, Paris (2001), Istambul (2003), Londres (2006) e,
agora, em São Paulo.
O objetivo principal da realização da conferência no Brasil é
chamar a atenção para um dos
instrumentos de auto-regulação
e vigilância da mídia. Poucos
jornais, revistas, rádios e TVs do
mundo, e menos ainda na América do Sul, adotaram a função
de ombudsman na intermediação com seus leitores e ouvintes e
com a sociedade.
O trabalho de ombudsman
surge da necessidade que a imprensa tem de buscar credibilidade, de acolher e dar espaço para os leitores e de assimilar a
pressão crescente da sociedade
por "exatidão, imparcialidade e
equilíbrio", para usar palavras
da própria ONO. Mas, duas observações:
1 - O ombudsman não é a única iniciativa disponível de auto-regulação. Algumas empresas
adotam conselhos de leitores, fazem pesquisas com a audiência,
abrem espaço para cartas e artigos, têm profissionais responsáveis por criticar internamente o
produto e criaram espaços para
a correção de erros.
Um dos problemas sérios da
imprensa brasileira, e que afeta
a sua credibilidade mais do que
as empresas avaliam, é a dificuldade de garantir o contraditório
e de reconhecer erros. Não é necessário um ombudsman para
que a correção pública de erros
vire rotina ou para que seja garantido o direito de todos os interesses envolvidos se manifestarem. Só é preciso respeito e vontade editorial.
2 - Não basta nomear um ombudsman. A função só tem algum sentido se as empresas assumirem publicamente o compromisso com valores éticos e com
uma linha editorial clara e se garantirem total independência
profissional. No caso da Folha, o
ombudsman, criado em 1989, foi
mais uma das iniciativas assumidas pelo jornal que se comprometeu, através do "Manual
da Redação" e do Projeto Editorial, com o exercício de um jornalismo crítico, apartidário, pluralista e moderno. O jornalismo
que pratica está de acordo com
esses valores? A crítica do ombudsman não se resume a esses
pontos, mas deve tê-los como referência permanente.
Por fim, uma questão recorrente: por que mais jornais
(além da Folha, de "O Povo", de
Fortaleza, e do "Jornal da Cidade", de Bauru), rádios (além da
Bandeirantes, de São Paulo, e da
Radiobrás) e TVs (além da Cultura, de São Paulo) do Brasil não
têm ombudsmans? São várias as
razões, mas creio que as principais sejam três: a arrogância de
jornalistas e de empresas jornalísticas que acham que estão acima das críticas, não suportam
pressões e não admitem o reconhecimento do erro; as dificuldades que as empresas têm, por
conta de seus interesses políticos
e econômicos, de garantir autonomia e independência aos ombudsmans; e a descrença de muitos na eficácia da função.
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Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
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