São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006

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Os observadores

A conferência anual de ombudsmans coincide com as comemorações dos dez anos na internet do Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa. com.br), principal organização de monitoramento da mídia brasileira.
É curioso que os personagens principais dos dois eventos, Folha e Alberto Dines, tenham estado juntos na primeira experiência de crítica da imprensa, o "Jornal dos Jornais", editado por ele na Folha de 1975 a 1977.
Lá se vão, portanto, 30 anos. Três décadas de grandes transformações no Estado brasileiro, na sociedade e na imprensa. O país saiu de uma ditadura militar para um regime democrático, e uma das mudanças mais interessantes a que assistimos é exatamente no relacionamento da sociedade com os meios.
A imprensa vive hoje sob saudável pressão dos seus leitores, telespectadores e ouvintes e da sociedade. Um dos instrumentos de pressão disseminados a partir da segunda metade da década de 1990 são os institutos de monitoramento.
No Brasil, a referência principal é o Observatório da Imprensa, mas outros institutos conseguem aos poucos se firmar, como a Agência de Notícias dos Direitos da Infância, a Transparência Brasil, o Observatório Brasileiro de Mídia, o Laboratório Doxa e o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, para citar os que conheço por já ter recorrido a eles.
São iniciativas que surgem como questionamento ao modelo de comunicação altamente concentrador de que dispomos e por entenderem que a imprensa tem um papel fundamental na construção da cidadania. Por isso, eles vigiam a cobertura jornalística de temas como desigualdade social, corrupção, violência e processo eleitoral.
A imprensa ainda não está acostumada a escutar essas novas vozes e freqüentemente procura ignorá-las ou desqualificá-las.
Não acho que elas estejam sempre certas nas críticas que fazem, principalmente quando se deixam contaminar por visões partidárias, mas devem ser ouvidas. Elas expressam pontos de vistas diferentes dos que predominam nas redações, procuram fazer uma crítica objetiva a partir de levantamentos estatísticos e de tendências e, mais importante, têm como objetivo melhorar os veículos.


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Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
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