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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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Descalibrado

Dado o bombardeio de informações sobre quem lê jornal, ouve rádio, vê TV e/ou navega na internet, uma das vantagens específicas que a mídia impressa oferece é a hierarquização explícita das notícias, na qual o leitor, por menos que se dê conta disso, confia quase cegamente.
Exemplos da semana indicam, porém, que a Folha derrapou nesse quesito.
A seleção brasileira ganhou domingo passado a Copa do Mundo de vôlei masculino. A notícia, na segunda-feira, recebeu uma foto na capa do jornal, sob material bem maior da conquista antecipada do Campeonato Brasileiro pelo Cruzeiro.
Em Esporte, havia apenas um texto noticioso, sem imagem, além da coluna semanal sobre a modalidade. Menos do que o merecido, acredito, para o feito (uma "campanha histórica", como dizia o próprio texto, com o Brasil saindo vitorioso das 11 partidas que disputou).
Na terça, outro desequilíbrio, em sentido inverso: o jornal dedicou o alto de uma página, em Brasil, para declarações de Lula no programa "Café com o Presidente" que não traziam, a rigor, nenhuma novidade.
Já na quinta, ao contrário, a notícia de que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovara o polêmico Estatuto do Desarmamento (manchete, por exemplo, no jornal "O Globo", o que me pareceu um exagero, como observei em crítica interna) foi tratada apenas numa nota "Panorâmica", ao pé de uma página em Cotidiano.
Embora, em tais casos, as soluções não possam ser achadas como na aritmética, houve, creio, flagrante incoerência - a qual não passou despercebida por leitores que reclamaram dessa questionável hierarquização.



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