|
Texto Anterior | Índice
DE OLHO NA MÍDIA
A imprensa e as crianças
A Andi (Agência de Notícias
dos Direitos da Infância) lança, nesta terça-feira, em Brasília, o relatório "Infância na Mídia", um estudo crítico sobre a
cobertura que a imprensa brasileira fez dos assuntos ligados
às crianças e aos adolescentes
ao longo de 2003 e 2004.
O acompanhamento é feito
desde 1996. Para esse novo relatório, foram analisados, em
2003, 115 mil textos publicados
em 54 jornais e em dez revistas
e, em 2004, 161 mil textos em
60 jornais e em dez revistas.
Ao final do trabalho, o resultado é positivo: o relatório destaca "o tratamento consistente
que a mídia impressa, nos últimos anos, começa a oferecer às
temáticas relacionadas aos direitos das crianças e adolescentes". Apresento, a seguir,
alguns pontos do relatório.
1 - A imprensa está dando
muito mais espaço para a cobertura dos problemas e das
expectativas de pessoas dessas
faixas etárias. O acompanhamento de 45 jornais entre 1996
e 2004 mostra que a quantidade de textos cresceu 1.148%.
2 - O aspecto policial das coberturas vem perdendo peso
no conjunto de temas tratados.
Em 2001, 21% dos textos analisados tratavam de violência e
criminalidade; em 2004, esse
percentual tinha caído para
14%. Isso significa não que a
violência tenha diminuído,
mas que os jornais passaram a
olhar as crianças com outras
perspectivas.
A maior parte das reportagens sobre violência (62%) retrata situações em que crianças
e adolescentes são vítimas; em
18%, são agentes da violência.
A principal fonte ouvida continua sendo a polícia (44%), raramente as famílias e os estudiosos do tema. E é nessas coberturas que mais freqüentemente se encontram expressões pejorativas, como "menor
de rua".
3 - Embora o relatório destaque haver certa "tendência de
fortalecimento de uma cobertura mais plural e contextualizada", ela ainda está longe de
poder ser considerada pluralista e diversificada. Quatro
grandes assuntos são responsáveis por mais da metade das
coberturas: educação, violência, direitos e saúde.
4 - Os jornalistas raramente
ouvem os atores principais,
que são as crianças e os adolescentes. Apenas 4% dos textos
que identificam fontes registram as vozes da garotada.
5 - O relatório analisa os jornais segundo 18 critérios
quantitativos e qualitativos e
faz um ranking dos melhores.
Em 2003, data do último levantamento, a Folha ficou em
primeiro lugar, seguida de "O
Globo" e do "Correio Braziliense".
Para mais informações, o endereço eletrônico da Andi é
www.andi.org.br.
Texto Anterior: De olho na Folha Índice
Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|