São Paulo, domingo, 10 de julho de 2005

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DE OLHO NA MÍDIA

A imprensa e as crianças

A Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) lança, nesta terça-feira, em Brasília, o relatório "Infância na Mídia", um estudo crítico sobre a cobertura que a imprensa brasileira fez dos assuntos ligados às crianças e aos adolescentes ao longo de 2003 e 2004.
O acompanhamento é feito desde 1996. Para esse novo relatório, foram analisados, em 2003, 115 mil textos publicados em 54 jornais e em dez revistas e, em 2004, 161 mil textos em 60 jornais e em dez revistas.
Ao final do trabalho, o resultado é positivo: o relatório destaca "o tratamento consistente que a mídia impressa, nos últimos anos, começa a oferecer às temáticas relacionadas aos direitos das crianças e adolescentes". Apresento, a seguir, alguns pontos do relatório.
1 - A imprensa está dando muito mais espaço para a cobertura dos problemas e das expectativas de pessoas dessas faixas etárias. O acompanhamento de 45 jornais entre 1996 e 2004 mostra que a quantidade de textos cresceu 1.148%.
2 - O aspecto policial das coberturas vem perdendo peso no conjunto de temas tratados. Em 2001, 21% dos textos analisados tratavam de violência e criminalidade; em 2004, esse percentual tinha caído para 14%. Isso significa não que a violência tenha diminuído, mas que os jornais passaram a olhar as crianças com outras perspectivas.
A maior parte das reportagens sobre violência (62%) retrata situações em que crianças e adolescentes são vítimas; em 18%, são agentes da violência. A principal fonte ouvida continua sendo a polícia (44%), raramente as famílias e os estudiosos do tema. E é nessas coberturas que mais freqüentemente se encontram expressões pejorativas, como "menor de rua".
3 - Embora o relatório destaque haver certa "tendência de fortalecimento de uma cobertura mais plural e contextualizada", ela ainda está longe de poder ser considerada pluralista e diversificada. Quatro grandes assuntos são responsáveis por mais da metade das coberturas: educação, violência, direitos e saúde.
4 - Os jornalistas raramente ouvem os atores principais, que são as crianças e os adolescentes. Apenas 4% dos textos que identificam fontes registram as vozes da garotada.
5 - O relatório analisa os jornais segundo 18 critérios quantitativos e qualitativos e faz um ranking dos melhores. Em 2003, data do último levantamento, a Folha ficou em primeiro lugar, seguida de "O Globo" e do "Correio Braziliense".
Para mais informações, o endereço eletrônico da Andi é www.andi.org.br.


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