|
Texto Anterior | Índice
outra visão
"Trabalho investigativo "
No caso da Escola Base, todos os jornais, exceto o então
"Diário Popular", deram ampla publicidade às acusações
da polícia e um tratamento no
geral sensacionalista. O "Diário Popular" teve a informação em primeira mão e decidiu não publicá-la por entender que a história estava mal
contada e incompleta. Acertou.
No caso Daniele, um jornal
deu o caso com muito destaque, com foto e identificação
da mãe -por coincidência, o
mesmo "Diário", agora "de S.
Paulo". Errou, na minha avaliação. Não é o entendimento,
no entanto, de Bruno Thys, diretor de Redação do jornal.
Seus comentários:
"O mérito do Diário foi ter
feito um trabalho investigativo, que resultou na descoberta
de um erro absurdo. O nome
da mãe não foi omitido porque
havia flagrante, prova técnica
e testemunha. Por ordem: a
suspeita foi presa com base
num laudo atestando que o pó
branco era cocaína, e o secretário da Saúde de Taubaté, Pedro Silveira, afirmou que a
criança tinha o cérebro corroído pela droga. Daniele foi denunciada pelo promotor João
Carlos Maia por homicídio
duplamente qualificado -denúncia pela Justiça. Não há na
imprensa brasileira norma
clara de se preservar nome de
suspeitos. A rigor, uma pessoa
só pode ser considerada culpada quando a sentença estiver transitada em julgado. A
repórter Cristina Christiano
teve a atenção despertada para a possibilidade de erro ao
fazer o perfil da mãe. Na casa
de Daniele, ela viu roupas bordadas e detalhes que revelavam zelo, e não desdém da
mãe. Orientada pelo editor Décio Trujilo, Cristina ouviu um
toxicologista que foi categórico: os sintomas (pressão e temperatura baixas, batimentos
cardíacos lentos e sono) não
eram os de overdose, mas de
quem tomava antidepressivos,
ou seja, o fenobarbital, que efetivamente Victória usava. A repórter colheu informações em
laboratórios e com uma professora de toxicologia da USP
que afirmou: o exame (blue
test) feito no dia da prisão poderia apresentar um falso resultado. Assim, em 10 de novembro -15 dias antes do resultado do laudo oficial-, Cristina publicou reportagem levantando a hipótese de erro,
mostrando a incoerência dos
sintomas de Victória e os de
overdose, elementos suficientes para afirmar que Daniele
era vítima".
Texto Anterior: Caso de polícia Índice
Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|