São Paulo, domingo, 12 de dezembro de 2004

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ENTREVISTA

A maioria cobre mal a corrupção

Claudio Weber Abramo é diretor-executivo da Transparência Brasil e coordena o arquivo "Deu no Jornal".
 

Ombudsman - Muitos leitores reclamam do excesso de reportagens com denúncias de corrupção. Dizem que parece que todo mundo é corrupto. Há excesso?
Claudio Weber Abramo -
Não creio que haja excesso de cobertura. Na verdade, o que o levantamento do "Deu no Jornal" mostra é o contrário: a maioria dos 62 jornais brasileiros acompanhados cobre corrupção muito mal, pouco freqüentemente e com pouca constância. Os jornais que cobrem o tema com regularidade -que são a Folha, o "Estado", "O Globo", os veículos dos Diários Associados e alguns poucos outros- reagem à importância que o público confere ao tema. Em todo levantamento de opinião que se faz, a corrupção aparece entre os primeiros lugares na pauta de preocupações das pessoas. Os jornais que cobrem pouco a corrupção erram por não atenderem às expectativas de seus públicos.

Ombudsman - Os jornais têm alguma influência na inibição da corrupção?
Abramo -
Sim, indiretamente. Ao apresentar os assuntos ao público e aos formadores de opinião, a imprensa estimula reações e cobranças. Caso os temas não fossem cobertos pela imprensa, não haveria tal reação, e os agentes públicos não seriam pressionados. Quanto aos jornais cumprirem bem esse papel, não o fazem uniformemente. Há Estados em que as oligarquias locais dominam tudo, da política à imprensa. Nesses casos, a imprensa não é independente e funciona como sustentadora dos interesses dessas oligarquias. Já os jornais com influência nacional e as revistas semanais cumprem um papel importante.


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