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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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O sarro de Silvio

A mídia toda se viu obrigada a registrar (e a especular sobre) a entrevista com Silvio Santos publicada na quinta-feira pela revista "Contigo", dirigida principalmente ao público de TV.
Falando de Orlando (EUA), o empresário dizia ali, em resumo, ter vendido o SBT, estar sob severo tratamento médico, em cadeira de rodas, com doença gravíssima e prognóstico de, no máximo, seis anos de vida.
Uma bomba, obviamente, dada a celebridade do personagem.
As reportagens sobre a entrevista, assim como o bom-senso, indicavam que tudo podia não passar de marketing, uma "pegadinha" de Silvio.
A revista, que disponibilizou para a mídia a fita da conversa, tomara precauções no sentido de checar as afirmações, publicando, com elas, as respectivas negativas de várias pessoas envolvidas, além de fotos que mostram o empresário em boa forma. Sustentou a autenticidade da conversação, embora admitindo o absurdo de seu conteúdo.
A mexicana Televisa -uma das empresas que já teriam comprado o SBT, segundo Silvio- negou, em reportagens de sexta, que o negócio tenha sido fechado. Depois, em nota, esclareceu que tem apenas intecâmbio de programação e prioridade na compra de ações caso Silvio decida mesmo vender a rede.
Em reportagem no "Boa Noite Brasil", na TV Bandeirantes, sexta à noite, Silvio -sem saber que estava sendo filmado- desmentiu o que dissera à "Contigo" e afirmou que, da parte dele, tudo não passara de "gozação".
E aí entra um aspecto, dentre outros relevantes, deste que já virou um "case" jornalístico.
Na última pergunta editada na revista, a jornalista indagava a Silvio Santos: "Mas não vai ser verdadeira essa notícia, não é? Me diz que o senhor não está doente e também que não vai morrer tão cedo?"
Ao que ele respondia, ironicamente: "Qual é o problema? Você falou comigo, gravou, foi essa a informação que eu te dei, coloca na capa, vai vender um monte de revistas. Depois, se eu não morrer, é milagre."
O apresentador, ele próprio um empresário de comunicação, parece ter resolvido tirar um sarro do jornalismo, na linha de que "o papel aceita tudo".
E o pior é que ele tem razão: aceita mesmo.


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