São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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NOS ESTADOS UNIDOS

A conexão com os leitores

Preocupada com a perda de credibilidade da imprensa nos Estados Unidos, a associação de editores de jornais (Associated Press Managing Editors/APME) organiza, desde 2001, mesas-redondas que reúnem jornalistas, leitores e especialistas para discutir coberturas problemáticas com o intuito de identificar erros e melhorar o noticiário. Nestes cinco anos participaram do Projeto das Mesas-Redondas sobre Credibilidade (www.apme-credibility.org) 193 empresas jornalísticas.
Carol Nunnelley, coordenadora do projeto, apresentou na conferência de ombudsmans algumas orientações elaboradas a partir das discussões das mesas. Um dos documentos tem como objetivo estimular os jornais a ouvirem mais os seus leitores. Seu título é: "Conectar-se aos leitores: como e por quê".
Embora tenham como referência os jornais americanos, que são mais voltados para os interesses comunitários do que os brasileiros, reproduzo parte das recomendações destinadas aos que comandam as Redações por entender que elas podem ajudar a atender melhor os nossos leitores e para saber dos leitores o que acham das sugestões:
 
"O compromisso dos jornalistas de servir o público e o apoio que isso deveria receber são prejudicados pela desconfiança entre jornalistas e leitores.
É um "segredinho" das Redações que os jornalistas consideram os leitores "uns chatos", nas palavras do instrutor [do projeto] Edward Miller.
Os leitores julgam os jornalistas e as organizações de mídia hostis e de difícil acesso, seja em relação a uma dica sobre alguma reportagem, seja em relação a uma queixa sobre exatidão. Muitos leitores reclamam, mas não informam aos jornalistas o que pensam.
Uma imprensa livre precisa de apoio do público, quer durante ataques de autoridades públicas, quer nas salas de audiência em julgamentos por difamação. O público terá menor tendência a apoiar a imprensa se as pessoas tiverem pouco conhecimento a respeito do modo de trabalho dos jornalistas, se desconfiarem de seus objetivos ou caso se sintam menosprezadas pelas organizações de mídia.
Faça com que processos básicos na Redação sejam feitos com educação e eficiência -como atender o telefone, responder a e-mails e a perguntas, tratar de queixas.
Indique um bom profissional para atender os leitores por telefone e receber visitantes -alguém capaz e disposto a ser um defensor do leitor.
Incentive os jornalistas a usarem técnicas de entrevista ao falarem com as pessoas que telefonam. "Escute, não discuta" é um mantra mágico.
Oriente a Redação a como agir sobre decisões, erros e outras questões que geram contatos dos leitores relativos ao noticiário.
Adote a iniciativa de conhecer os leitores, na comunidade e na Redação.
Crie um birô do leitor e divulgue-o por meio de anúncios no jornal.
Organize workshops para ensinar as pessoas sobre como fazer para que "suas notícias" sejam publicadas.
Deixe que os moradores organizem excursões para apresentar bairros ou instituições.
Convide leitores insatisfeitos (e outras pessoas também) para participarem de reuniões sobre o noticiário.
Use a internet para ampliar o contato com os leitores.
Publique formulários para encaminhamento de alguma idéia de reportagem ou para apresentação de queixas.
Crie um grupo de e-mail de leitores que possa ser consultado rapidamente no caso de você estar procurando por uma fonte difícil de ser encontrada ou querer um conselho sobre alguma questão jornalística.
Publique mais informações sobre reportagens controvertidas, incluindo documentos adicionais. Ofereça explicações sobre as reportagens. Peça retornos."


Tradução de Cláudia Strauch


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Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.


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