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NOS ESTADOS UNIDOS
A conexão com os leitores
Preocupada com a perda de
credibilidade da imprensa nos
Estados Unidos, a associação
de editores de jornais (Associated Press Managing Editors/APME) organiza, desde
2001, mesas-redondas que
reúnem jornalistas, leitores e
especialistas para discutir coberturas problemáticas com o
intuito de identificar erros e
melhorar o noticiário. Nestes
cinco anos participaram do
Projeto das Mesas-Redondas
sobre Credibilidade (www.apme-credibility.org) 193 empresas jornalísticas.
Carol Nunnelley, coordenadora do projeto, apresentou na
conferência de ombudsmans
algumas orientações elaboradas a partir das discussões das
mesas. Um dos documentos
tem como objetivo estimular
os jornais a ouvirem mais os
seus leitores. Seu título é: "Conectar-se aos leitores: como e
por quê".
Embora tenham como referência os jornais americanos,
que são mais voltados para os
interesses comunitários do
que os brasileiros, reproduzo
parte das recomendações destinadas aos que comandam as
Redações por entender que
elas podem ajudar a atender
melhor os nossos leitores e para saber dos leitores o que
acham das sugestões:
"O compromisso dos jornalistas de servir o público e o
apoio que isso deveria receber
são prejudicados pela desconfiança entre jornalistas e leitores.
É um "segredinho" das
Redações que os jornalistas
consideram os leitores "uns
chatos", nas palavras do instrutor [do projeto] Edward
Miller.
Os leitores julgam os jornalistas e as organizações de
mídia hostis e de difícil acesso,
seja em relação a uma dica sobre alguma reportagem, seja
em relação a uma queixa sobre
exatidão. Muitos leitores reclamam, mas não informam aos
jornalistas o que pensam.
Uma imprensa livre precisa de apoio do público, quer
durante ataques de autoridades públicas, quer nas salas de
audiência em julgamentos por
difamação. O público terá menor tendência a apoiar a imprensa se as pessoas tiverem
pouco conhecimento a respeito do modo de trabalho dos
jornalistas, se desconfiarem de
seus objetivos ou caso se sintam menosprezadas pelas organizações de mídia.
Faça com que processos básicos na Redação sejam feitos
com educação e eficiência
-como atender o telefone,
responder a e-mails e a perguntas, tratar de queixas.
Indique um bom profissional para atender os leitores
por telefone e receber visitantes -alguém capaz e disposto
a ser um defensor do leitor.
Incentive os jornalistas a
usarem técnicas de entrevista
ao falarem com as pessoas que
telefonam. "Escute, não discuta" é um mantra mágico.
Oriente a Redação a como agir sobre decisões, erros e
outras questões que geram
contatos dos leitores relativos
ao noticiário.
Adote a iniciativa de conhecer os leitores, na comunidade
e na Redação.
Crie um birô do leitor e
divulgue-o por meio de anúncios no jornal.
Organize workshops para ensinar as pessoas sobre como fazer para que "suas notícias" sejam publicadas.
Deixe que os moradores
organizem excursões para
apresentar bairros ou instituições.
Convide leitores insatisfeitos (e outras pessoas também) para participarem de
reuniões sobre o noticiário.
Use a internet para ampliar
o contato com os leitores.
Publique formulários para encaminhamento de alguma idéia de reportagem ou para apresentação de queixas.
Crie um grupo de e-mail
de leitores que possa ser consultado rapidamente no caso
de você estar procurando por
uma fonte difícil de ser encontrada ou querer um conselho
sobre alguma questão jornalística.
Publique mais informações sobre reportagens controvertidas, incluindo documentos adicionais. Ofereça explicações sobre as reportagens.
Peça retornos."
Tradução de Cláudia Strauch
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Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
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