|
Texto Anterior | Índice
As agências de publicidade
A propósito do artigo "A crise
que se propaga" (31/7), em que
tratei do envolvimento de agências de publicidade no escândalo
do "mensalão", recebi correspondência do assessor de imprensa
do Conar (Conselho Nacional de
Auto-Regulamentação Publicitária), Eduardo Correa:
"Sobre seu artigo, temos a dizer
que: 1 - não é nem nunca foi função do Conar julgar o comportamento empresarial de agências de
publicidade e anunciantes. O Conar se ocupa unicamente do conteúdo das mensagens publicitárias frente ao Código Brasileiro de
Auto-regulamentação Publicitária, no interesse do consumidor e
do próprio mercado.
2 - Seu julgamento de que a ação
do Conar parece insuficiente "para enfrentar o problema e prestar
contas à sociedade" é, na melhor
das hipóteses, precipitado. Ativo
há 25 anos, o Conar já julgou quase 6.000 representações éticas,
abertas a partir de queixas de consumidores e autoridades ou a partir da ação da monitoria do Conar, sempre garantindo amplo direito de defesa às partes envolvidas e dando total transparência à
divulgação dos resultados das demandas. Tudo sem qualquer traço de censura, contando exclusivamente com trabalho de voluntários, muitos deles jornalistas, e
sem custar um centavo aos cofres
públicos.
3 - Pior ainda foi o sentido geral
do seu artigo, considerando "insuficiente" a ação da auto-regulamentação publicitária. Não é assim que entendemos a questão,
respaldados por centenas de manifestações de entidades da sociedade civil e de autoridades que reconhecem na auto-regulamentação uma das saídas para o Estado
atulhado de leis ineficazes, como
fez a própria Folha, que, em editorial publicado em 16/1, sugeriu
o caminho da auto-regulamentação para a publicidade de produtos alimentícios."
Sou a favor da auto-regulamentação. Mas da auto-regulamentação
que funcione. Se o papel do Conar
não é julgar o comportamento
empresarial de agências, não estou distante da verdade quando
digo que os instrumentos de que
o setor dispõe talvez não sejam
suficientes para agir no caso de
Minas e de outras agências que
mantenham comportamento semelhante.
No segundo depoimento que
prestou à Procuradoria Geral da
República, no dia 4, Marcos Valério assim se referiu a algumas
agências: "A atuação na área de
publicidade de um modo geral
envolve a submissão a interesses
políticos, sem o que as empresas
não sobrevivem nesse mercado".
E citou oito grandes agências do
Rio e de São Paulo.
Mas vamos aguardar. O Cenp
(Conselho Executivo das Normas-Padrão) abriu processos
contra as duas agências de Minas.
A primeira sessão da Câmara de
Ética que investigará "desvios de
finalidade" nas práticas da DNA e
da SMPB ocorrerá na quinta.
Texto Anterior: Escola base: A imprensa condenada Índice
Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|