São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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As agências de publicidade

A propósito do artigo "A crise que se propaga" (31/7), em que tratei do envolvimento de agências de publicidade no escândalo do "mensalão", recebi correspondência do assessor de imprensa do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), Eduardo Correa:
"Sobre seu artigo, temos a dizer que: 1 - não é nem nunca foi função do Conar julgar o comportamento empresarial de agências de publicidade e anunciantes. O Conar se ocupa unicamente do conteúdo das mensagens publicitárias frente ao Código Brasileiro de Auto-regulamentação Publicitária, no interesse do consumidor e do próprio mercado.
2 - Seu julgamento de que a ação do Conar parece insuficiente "para enfrentar o problema e prestar contas à sociedade" é, na melhor das hipóteses, precipitado. Ativo há 25 anos, o Conar já julgou quase 6.000 representações éticas, abertas a partir de queixas de consumidores e autoridades ou a partir da ação da monitoria do Conar, sempre garantindo amplo direito de defesa às partes envolvidas e dando total transparência à divulgação dos resultados das demandas. Tudo sem qualquer traço de censura, contando exclusivamente com trabalho de voluntários, muitos deles jornalistas, e sem custar um centavo aos cofres públicos.
3 - Pior ainda foi o sentido geral do seu artigo, considerando "insuficiente" a ação da auto-regulamentação publicitária. Não é assim que entendemos a questão, respaldados por centenas de manifestações de entidades da sociedade civil e de autoridades que reconhecem na auto-regulamentação uma das saídas para o Estado atulhado de leis ineficazes, como fez a própria Folha, que, em editorial publicado em 16/1, sugeriu o caminho da auto-regulamentação para a publicidade de produtos alimentícios."
Sou a favor da auto-regulamentação. Mas da auto-regulamentação que funcione. Se o papel do Conar não é julgar o comportamento empresarial de agências, não estou distante da verdade quando digo que os instrumentos de que o setor dispõe talvez não sejam suficientes para agir no caso de Minas e de outras agências que mantenham comportamento semelhante.
No segundo depoimento que prestou à Procuradoria Geral da República, no dia 4, Marcos Valério assim se referiu a algumas agências: "A atuação na área de publicidade de um modo geral envolve a submissão a interesses políticos, sem o que as empresas não sobrevivem nesse mercado". E citou oito grandes agências do Rio e de São Paulo.
Mas vamos aguardar. O Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) abriu processos contra as duas agências de Minas. A primeira sessão da Câmara de Ética que investigará "desvios de finalidade" nas práticas da DNA e da SMPB ocorrerá na quinta.

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