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Internet e eleições
Aconteceu nesta semana em
São Paulo o segundo seminário internacional sobre jornalismo on-line chamado Media
On. Um dos temas foi a internet na eleição presidencial
americana deste ano.
O pleito de 2008 está para a
internet como o de 1960 esteve para a TV: é o primeiro em
que o meio de comunicação,
que já existia antes, assume
papel realmente de proa.
A internet está tendo nesta
campanha mais relevância como instrumento de ação política do que como meio de comunicação. Barack Obama arrecadou a maior parte de sua
receita com doações feitas por
meio da rede (75% dos seus
US$ 372 milhões até 31 de julho chegaram assim) e a utiliza
como eficiente forma de arregimentação e organização de
correligionários.
Mas o público também vem
se valendo do jornalismo on-line para se informar sobre as
eleições mais do que jamais no
passado. Pesquisa do Pew Research Center, citada pelo jornalista Francisco Mendez, revela que 24% dos americanos
dizem usar a internet como
principal meio para obter notícias sobre a campanha.
Ainda é menos que a TV
(32%) e os jornais impressos
(31%), mas é muito superior às
porcentagens registradas em
2004 (13%) e 2000 (9%). Mendez também registrou que alguns blogs têm pautado a
grande imprensa com informações obtidas às vezes de
maneira eticamente questionável (como a blogueira que se
infiltrou em reunião de voluntários de Obama, fingindo ser
uma delas, e divulgou comentário indiscreto que ouviu do
candidato).
Alguns sites como
www.realclearpolitics.com
e www.politico.com viraram
pontos de referência obrigatórios de todos os interessados
pela campanha, graças ao trabalho estritamente apartidário e metodologicamente criterioso que vêm realizando.
Muitos blogs, no entanto,
descambaram para o mais arraigado sectarismo ideológico
e partidário, sem nenhum
compromisso com os fatos.
O que será interessante observar é o efeito que essa crescente influência da internet
terá sobre a maneira como os
cidadãos se relacionam com
as instituições públicas e entre si na sociedade.
Há estudos ainda não conclusivos que indicam associação positiva entre atitude adversa em relação aos meios de
comunicação tradicionais e
polarização política. Ou seja:
as pessoas que deixam de confiar em jornais, revistas, emissoras de rádio e TV tendem a
se tornar mais agressivas e radicais na defesa de suas idéias
e no ataque às idéias de seus
adversários.
Se esses indícios se confirmarem, que tipo de ambiente
político sobrevirá?
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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