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O ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
A influência paulista
O Projeto Deu no Jornal (www.deunojornal.org.br), da
Transparência Brasil, acompanha o noticiário sobre corrupção publicado por 63 dos principais jornais do país. Levantamento recente feito pelo diretor-executivo da Transparência, Claudio Weber Abramo,
revela alguns dados que merecem futuras reflexões dos que
observam o desempenho da
imprensa nesta crise política.
1 - As acusações contra o governo Lula e parlamentares
provocaram o aumento de forma extraordinária do espaço
que os jornais dedicam aos casos de corrupção. Para que se
tenha uma idéia, desde 14 de
maio (flagrante nos Correios),
esse espaço cresceu 243% no
conjunto dos jornais monitorados. No caso da Folha, houve um crescimento de 270%. O
levantamento não inclui textos
de apoio, como infográficos e
memórias.
2 - A atenção dada aos Correios e ao "mensalão" abafou a
cobertura de novos casos de
corrupção. Até meados de
maio, os jornais iniciavam, em
média, 3,66 novos casos de
corrupção por dia; desde então, esse índice caiu para 2,88
casos. O fenômeno é percebido principalmente nos jornais
de fora do Sudeste.
3 - A cobertura tem uma forte influência dos grandes jornais, principalmente dos paulistas. De todo o material publicado sobre os Correios e o
mensalão, 23% saíram na Folha, no "Estado" e no "Globo".
E, das reportagens publicadas
Brasil afora atribuídas às agências de notícias, 94% foram
distribuídas pelos grupos Folha e Estado.
Pedi a Abramo um comentário sobre o noticiário dos jornais. Suas sugestões:
"A cobertura não tem explorado avenidas que poderiam
trazer mais informações para
entender o escândalo. Em especial, as raízes da corrupção
não estão sendo adequadamente perseguidas. Por exemplo: o caso dos Correios mostra uma raiz clara, o loteamento do Estado entre partidos políticos em troca de apoio de
parlamentares. Então, é importante saber como é que os
cargos da administração federal são loteados. Um infográfico que mostrasse onde os diferentes partidos estão instalados daria uma boa idéia do
quadro, apontando para onde
poderiam estar ocorrendo falcatruas.
Outro assunto muito mal
contado é a história de que os
dinheiros do "valerioduto" teriam sido usados para pagar
dívidas de campanha eleitoral.
Isso está passando quase em
branco. Para cada um dos acusados, a imprensa faria bem se
investigasse a probabilidade
de essa história da Carochinha
ser verdadeira. "A quem o senhor pagou com esse dinheiro?" Na ausência de resposta, o
leitor que tirasse a sua conclusão".
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