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CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ombudsman@uol.com.br
Reação pontual é pouco em tragédia anunciada
COMO ERA PREVISÍVEL , o calor
do quase verão traz chuvas
pesadas, que provocam novas
tragédias em São Paulo, às quais o
jornal responde com o habitual registro factual das mortes, enchentes,
congestionamentos.
Como fazem os meios eletrônicos
quando os fatos estão ocorrendo,
com muito mais drama e utilidade
para o público, pelas razões óbvias
da essência mesmo de cada tipo de
meio de comunicação.
O que só o jornalismo impresso
pode fazer é mostrar com profundidade as razões por que esses desastres anunciados continuam ocorrendo, por meio de trabalho detalhado de reportagem e investigação.
As pistas estão aí, como no livro
indicado ao final. E em muitas outras fontes. Mudanças climáticas,
prioridade para o transporte individual, obras mal planejadas, opção
equivocada de ampliar vias asfaltadas às margens de rios, incentivo à
ocupação habitacional de várzeas ribeirinhas, deficiência na coleta de lixo e na educação para ela, fragmentação na administração de ações
ambientais e econômicas nos diversos níveis de governo: são muitos os
temas a serem explorados para tentar dar conta do problema.
E o jornal deveria cobrar soluções
das autoridades públicas durante o
ano todo para contribuir para minimizar desgraças futuras e tentar engajar os leitores em esforço conjunto em benefício de todos.
Com raras exceções, como as excelentes reportagens de quinta e
sexta sobre a escandalosa situação
do Jardim Pantanal, bairro que ficou pelo menos 11 dias alagado com
a população em situação higiênica e
sanitária deplorável, o jornal fez
muito pouco além de ser pontualmente reativo.
Tudo indica que em São Paulo e
outras metrópoles brasileiras o futuro será parecido com o previsto
para Los Angeles em 2019 no filme
abaixo recomendado. Muita chuva
será rotina. É preciso se preparar
para enfrentá-la.
PARA LER
"Inundações Urbanas na América do Sul",
De Carlos E. M. Tucci, Juan Carlos Bertoni (organizadores), ABRH, 2007 (a partir de R$ 45)
PARA VER
"Blade Runner, o Caçador de Androides", de Riddley Scott, 1982 (a partir R$ 13,90)
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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